Após sua temporada de
três meses na prisão, o senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral
(PT-MS) retorna ao Senado nesta semana. Segundo a Folha de S. Paulo, o
político pensa em tirar 120 dias de licença e já alertou os aliados que
não admitirá ter seu mandato cassado. "Se me cassarem, levo metade do
Senado comigo", disse ele a interlocutores quando ainda estava preso.
Tal revelação foi interpretada como ameaça.
Delcídio deve argumentar com colegas que é inocente e solicitar amparo. No entanto, poucos devem apoiá-lo.
A
preocupação do petista é ter seu mandato cassado, porque ele perderia o
chamado foro privilegiado, o que levaria seu caso para a primeira
instância. Lá o juiz Sérgio Moro, do Paraná, célere em suas decisões
envolvendo réus da Operação Lava Jato, analisaria sua situação.
Sob
a acusação de quebra de decoro parlamentar, representantes da Rede
Sustentabilidade e PPS foram ao Senado em 1º de dezembro para pedir a
cassação de Delcídio.
Sob relatoria do senador Ataídes Oliveira
(PSDB-TO), o processo foi aberto no Conselho de Ética da Casa. A defesa
do petista solicitou a substituição do relator, alegando falta de
isenção do PSDB. Tal pedido está ainda em análise.
Para evitar o
desgaste do senador e do PT, correligionários enxergam a licença como
uma boa alternativa, uma vez que não precisariam conviver com um colega
em regime de prisão domiciliar.
Renan Calheiros, presidente do
Sendo, pediu uma licença especial para Delcídio e manteve o salário de
R$ 33,7 mil e demais benefícios do cargo a Delcídio enquanto ele esteve
preso.
Com a soltura, o petista tem a possibilidade de entrar com
uma licença por questões médicas ou motivos pessoais (neste caso, ele
não receberia salário) e, passado o prazo, caso não retorne, o suplente
assumirá o mandato.
O PT não quer ter Delcídio de volta à
presidência da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, sendo
essa outra razão para constrangimentos.
Humberto Costa (PE),
líder do partido no Senado, informou que a senadora Gleisi Hoffmann (PR)
assumirá a liderança da CAE e sua nomeação, inclusive, já foi publicada
no "Diário Oficial".
A prisão de Delcídio foi decidida pelo STF,
baseando-se na gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor
da Petrobrás Nestor Cerveró. A fita trazia a conversa do petista
planejando a fuga e uma mesada de R$ 50 mil para Nestor, em troca de não
haver a delação premiada. O esquema não funcionou, já que o ex-diretor
assinou o acordo de delação.
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