Lula diz que tenta fazer com que 'gente que nunca fez nada pelo País' não volte a governar
Belo Horizonte - Ao não descartar uma candidatura à
Presidência em 2018, em entrevista a uma rádio mineira nesta
sexta-feira, 28, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que
tem como objetivo "tentar fazer com que essa gente que nunca fez nada
pelo País, que nunca se preocupou com a Educação e com políticas
sociais, que governou para um terço da população, não volte a governar".
Na
entrevista à Rádio Itatiaia em Montes Claros, região norte de Minas
Gerais, Lula afirmou pela manhã, pela primeira vez desde o fim do
segundo governo, em 2010, que, se for preciso, disputará a Presidência
da República. Ele começou na cidade a série de viagens que, como
anunciou em maio, fará pelo País. Minas é reduto eleitoral do presidente
nacional do PSDB, senador Aécio Neves.
Em Minas, além de ter
perdido para a presidente Dilma Rousseff, Aécio também viu derrotado o
então candidato a governador Pimenta da Veiga (PSDB), batido pelo atual
governador Fernando Pimentel (PT). Na noite desta quinta-feira, 27, Lula
participou de ato conjunto da Central Única dos Trabalhadores em Minas
Gerais (CUT-MG) e da União Estadual dos Estudantes (UEE), em Belo
Horizonte.
Lava Jato
Na entrevista à
rádio, o ex-presidente disse que Dilma, e também ele, não sabiam da
corrupção na Petrobrás. "Achar que a presidente Dilma sabia é
humanamente impossível. Imaginar que você, (disse, referindo-se a uma
jornalista) sabe do que está acontecendo agora na sua casa... eu até
gostaria de saber antes. Eu não sabia, a Polícia Federal (PF) não sabia,
a imprensa não sabia, o Ministério Público (MP) não sabia. Ficou
sabendo depois do grampeamento do tal de Youssef (o doleiro Alberto
Youssef), que tinha passagens pela polícia, falando com outros caras.
Seria ótimo se a Polícia Federal soubesse que o Paulo Roberto (Costa,
ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás) era do jeito que é", disse.
O
ex-presidente fez ainda um mea-culpa sobre o envolvimento do PT na
corrupção na estatal. "Teve gente do PT que errou? Teve. Eu dizia na
Presidência que só tem um jeito nesse País de não passar por uma
investigação: é sendo honesto. Pagar impostos, fazer o que a lei manda. O
PT nasceu para mudar a história do País. Nascemos para permitir que as
pessoas que não tinham voz passassem a ter. O partido, no entanto,
cresceu demais e cometeu desvios porque começou a fazer política como
outros partidos", avaliou.
Sobre o possível impeachment da
presidente, Lula disse não acreditar no afastamento dela. De acordo com o
ex-presidente, a situação política de Dilma vai melhorar quando os
resultados do pacote fiscal implementado pelo governo começarem a surtir
efeito na economia do País. Lula pediu ainda para que a oposição, que
pressiona pelo impeachment da presidente, tenha paciência.
"Perdi
três eleições. Todas as vezes que perdi, voltava para casa. Não ficava
xingando as pessoas, falando palavrão. Ia para casa lamber minhas
feridas, como diria o Brizola (o ex-governador do Rio Leonel Brizola),
se estivesse vivo. Para me preparar para a outra eleição. Foi assim
durante 12 anos."
Segundo o petista, a oposição precisa parar de
resmungar. "Não pode querer antecipar o mandato. Até porque o povo não
aceita. Quem quiser ser candidato que espere 2018, dispute
democraticamente. Vivemos um golpe em 1964. Ninguém quer mais golpe
nesse País", afirmou. O ex-presidente disse ainda que voltará a ter uma
"atividade política".
"Vou voltar a dar palpite. Vejo muita gente
que já governou esse País, que já foi governador, que foi deputado, e
que não fez nada, e agora fica falando como se fossem salvadores da
pátria." O ex-presidente escolheu Montes Claros para começar a série de
viagens pela relação que afirmou ter com a região norte do Estado, uma
das mais carentes do País, ao lado do Vale do Jequitinhonha, também em
Minas.
Lula lembrou ter passado pelas duas regiões várias vezes
durante campanhas eleitorais, fundação do PT e da CUT e Caravanas da
Cidadania. Por Montes Claros, o ex-presidente começou ainda as campanhas
de Dilma à reeleição em 2014 e a do filho do ex-vice-presidente José
Alencar Josué Alencar ao Senado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário