Quando foi deflagrada a operação Lava Jato, em 2014, a equipe
da Polícia Federal que atuava em Curitiba contava com nove delegados
federais, que faziam parte de um efetivo de quase 60 policiais. Hoje,
apenas quatro delegados seguem atuando nos casos, responsáveis por cerca
de 180 inquéritos em andamento.
A redução não ocorreu somente no
quadro da força-tarefa no Paraná, Brasília e Rio de Janeiro também
sentiram. O motivo foi a redução de verbas da PF, em consequência do
corte geral dos gastos da União.
De acordo com informações do blog
de Fausto Macedo, no Estadão, a previsão do Orçamento da União de 2017
para o Ministério da Justiça é de R$ 13 bilhões, sendo R$ 6 bilhões para
a Polícia Federal - R$ 4,7 bilhões destinados ao pessoal e R$ 1 bilhão
ao custeio. O corte de 44% é o mais expressivo, desde que a força-tarefa
teve início.
A situação é motivo de preocupação para os membros
da Lava Jato, que temem o enfraquecimento das ações. “Será o fim da Lava
Jato”, afirmou um dos membros da força-tarefa, em Curitiba, pedindo
anonimato.
Um reflexo dessa redução já pode ser sentido no que se
refere às operações ostensivas. Com 40 fases de buscas e prisões
desencadeadas nesses três anos de escândalo, as últimas operações foram
realizadas por iniciativa do Ministério Público Federal.
“O
investimento já é quase zero. O custeio é para movimentar a máquina. Vai
paralisar as atividades. Em um orçamento que já é pequeno, cortar 44%,
vai parar”, afirma o presidente da Associação dos Delegados da Polícia
Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral.
“O contingenciamento é
sempre uma espada no nosso pescoço, que o governo pode usar a qualquer
tempo, e com isso, paralisar as nossas atividades, em razão da nossa
falta de autonomia orçamentária financeira", completa.
A notícia
de cortes tem deixado os procuradores da Lava Jato em alerta. Muitos
consideram que as medidas caracterizam interferência direta do governo
Temer para tentar frear as investigações.
“No ano passado foi a
vez do PT manifestar que tinha interesses de fazer pressão para
interferir na Polícia Federal. Nós temos agora o presidente do PSDB, ou
seja a cúpula do mundo político partidário, manifestando que tem
interesse em nomear ministro da Justiça para interferir na Polícia
Federal. Para mim, está mais claro e cristalino que há uma ameaça real
de interferência”, avaliou Sobral, da ADPF. “Nós vamos lutando, mas a
vontade de interferir está latente, não é isolada e vem do alto escalão
da política”, afirmou.
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