A consultoria norte-americana de risco político Eurasia atribui hoje
probabilidade de 70% de o presidente Michel Temer cair, acima dos 20%
estimados desde dezembro do ano passado. O cenário mais provável é que a
saída do peemedebista do governo ocorra "rapidamente", de acordo com
relatório divulgado nesta segunda-feira, 22.
A Eurasia ressalta
que existem crescentes dúvidas sobre as evidências e acusações que
implicam Michel Temer, mas a possibilidade de o presidente permanecer no
Planalto se reduziu nos últimos dias. "Caso o peemedebista sobreviva,
as chances são de 30%, apenas uma versão muito esvaziada da reforma da
Previdência poderia ser aprovada", escrevem os analistas da consultoria
especializados em Brasil, João Augusto de Castro Neves, Christopher
Garman, Filipe Gruppelli Carvalho e Djania Savoldi.
Temer adotou a
estratégia nos últimos dias de desqualificar as acusações do empresário
da JBS, Joesley Batista, e declarou em seus dois discursos oficiais
desde a última quinta-feira que não pretende renunciar, ressalta o
relatório. Por isso, a Eurasia avalia que a forma mais provável de o
presidente perder o cargo será no julgamento do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), marcado para o dia 6 de junho e que vai avaliar
irregularidades na chapa que o elegeu junto com Dilma Rousseff em 2014.
A Eurasia ressalta que já existem denúncias suficientes sobre
irregularidades no financiamento da campanha que elegeu a chapa
Dilma/Temer em 2014, mas os juízes do TSE vão também levar em conta
fatores políticos mais amplos. Por isso, mesmo que as denúncias recentes
não façam parte do julgamento, elas certamente vão pesar na decisão dos
ministro da Corte eleitoral.
"Apesar das tentativas recentes de
Temer de contra-atacar, os últimos eventos sugerem que o momento
político vai continuar sendo desfavorável ao presidente no Congresso, na
Justiça, nas ruas, deixando-o incapaz de governar", afirma a
consultoria norte-americana. A decisão sem precedentes do Supremo
Tribunal Federal (STF) de investigar um presidente pode também ser um
indício de que a JBS passou informações adicionais ao judiciário que
ainda não vieram a público, ressalta a Eurasia, destacando que muitas
das acusações feitas contra Temer ainda são inconclusivas.
Do
ponto de vista da agenda de reformas, os analistas da Eurasia avaliam
que quanto mais demorada for a queda de Temer, pior será o cenário para o
avanço das medidas no Congresso. Temer sempre teve forte habilidade
política para negociar com o Congresso, mas a avaliação da consultoria é
que essa capacidade se reduziu nos últimos dias e hoje dificilmente uma
reforma relevante da Previdência seria aprovada. Ontem, o Planalto
queria oferecer um jantar aos aliados, mas com medo de baixo quórum,
resolveu fazer apenas uma reunião informal.
A Eurasia calcula que
Temer perdeu nos últimos dias ao menos 20 votos para aprovar a reforma
da Previdência, com a saída da base de alguns partidos, como o PSB e o
PPS. Mesmo entre os partidos que não abandonaram o governo, a
resistência contra a reforma deve crescer, ressalta o relatório. Por
isso, os indecisos devem pender mais para serem contra as medidas. Com a
permanência de Temer no cargo e a agenda de reformas mais distante, o
risco é da crise se prolongar e a Eurasia avalia que pode crescer a
percepção de que o custo para o País de manter o peemedebista
enfraquecido no Planalto é maior do que o da sua queda, o que deve
aumentar a pressão para a saída de Temer.
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