O juiz federal Sérgio Moro, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e
procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato foram entrevistados
pelo programa norte-americano "60 minutes", da rede de televisão CBS, exibido nesse domingo, 21. A reportagem comparou as investigações no Brasil ao caso Watergate, que derrubou o presidente Richard Nixon e mais de 90 congressistas na década de 1970.
No
programa, o juiz Moro afirmou que nenhum réu será julgado pela opinião
política que tem, ao se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). A ex-presidente Dilma, por sua vez, disse que nada sabia
sobre os casos de corrupção que ocorreram na Petrobras durante seu
governo e que foram descobertos pela Lava Jato.
Perguntado sobre
Lula, que acusa Moro de fazer um julgamento com motivações políticas
contra ele, o juiz negou as acusações do petista. "Ninguém vai ser
julgado por causa de sua opinião política. O ex-presidente Lula vai ter
todas as oportunidades que a lei dá para apresentar sua defesa", disse o
magistrado. No último dia 10, Lula prestou depoimento a Moro pela
primeira vez em uma das ações em que réu na Operação.
O juiz
criticou as tentativas do Congresso brasileiro em aprovar leis para
proteger políticos dos avanços das investigações. Moro respondeu
positivamente quando o jornalista Anderson Cooper afirmou que há muitos
"interesses poderosos" que querem ver todas as investigações acabarem.
"Sim. Mas é nossa responsabilidade não permitir que eles façam isso.
Temos de enfrentar o problema. E, encarando isso, acho que teremos um
País melhor", respondeu Moro.
Quando falou sobre a delação de
Paulo Roberto Costa, o primeiro a celebrar um acordo de colaboração
premiada na Lava Jato, Moro disse que o depoimento do ex-diretor da
Petrobras representava um ponto das investigações em que, a partir dali,
era impossível voltar atrás. Moro disse ainda que mandou prender
executivos de empresas antes do julgamento das ações porque "era preciso
fazer algo grande" para parar a difusão da corrupção no Brasil.
Dilma Rousseff, na mesma reportagem, negou que sabia o que as pessoas
praticavam de errado na Petrobras enquanto governou o País. "Veja bem:
eu não sabia", disse a ex-presidente. Ela negou que tenha recebido
propina, reforçou que não é acusada de receber propina nem de ter conta
no exterior.
O coordenador da força tarefa da Lava Jato no
Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, também entrevistado
no programa, afirmou que a Lava Jato é "muito, muito maior" que o
escândalo de Watergate. "Já cobramos mais de 200 pessoas por centenas de
crimes. A quantidade de propina paga vai até aproximadamente US$ 2
bilhões", disse.
Temer. O programa "60 minutes"
citou as denúncias feitas pelo empresário Joesley Batista, dono do Grupo
JBS, contra o presidente Michel Temer (PMDB). Ao falar da gravação da
conversa entre os dois, a reportagem citou que o escândalo levou o
mercado de ações a mergulhar e o caso tem potencial para levar o
presidente ao impeachment. O jornalista Anderson Cooper disse ainda que
as coisas "só pioraram" no governo após o impeachment de Dilma Rousseff.
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