Em entrevista coletiva para detalhar a 41ª fase da Operação Lava Jato, de nome “Poço Seco”, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da operação, criticou a decisão do juiz Sergio Moro de absolver a jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na avaliação do procurador, Moro teve “coração bom” ao absolvê-la, mas
se equivocou na tese de que Cláudia não tinha conhecimento da origem
ilícita dos recursos que mantinha no exterior.
Na sentença, o juiz
Sergio Moro avaliou que era possível comprovar que ela teve acesso aos
recursos e de fato concretizou os gastos em faturas de cartão de crédito
e aquisição de produtos de luxo, mas que não existiam provas de que ela
não soubesse que o dinheiro, repassado por Cunha, era proveniente de
corrupção.”Uma pessoa como Cláudia Cruz, jornalista, com um nível de
formação cultural, deveria saber quais eram as origens dos recursos”,
rebateu o procurador.
Carlos Fernando confirmou que o MPF vai
recorrer contra a decisão de Moro ao Tribunal Regional Federal (TRF) e
disse estar esperançoso de que a Corte reverterá a decisão do juiz. Ele
ressaltou que Cláudia Cruz não é acusada por corrupção, mas sim por
lavagem de dinheiro, o que acredita ter ficado provado pela
investigação.
O
procurador ressaltou que o empresário português Idalécio de Castro
Rodrigues de Oliveira, absolvido na decisão de quinta-feira, terá a sua
inocência também contestada. Na decisão, o juiz Sergio Moro considerou
que não estava claro que ele tinha ciência de que o pagamento de cerca
de dez milhões de dólares ao lobista João Augusto Henriques, originários
da compra dos direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin,
na África, pela Petrobras, não se tratavam de uma “comissão
justificada”, mas sim de propina.
Em março, Eduardo Cunha foi
condenado a quinze anos de prisão por ter sido o beneficiário de parte
desse valor em contas no exterior, de onde teriam saído os recursos
transferidos para outras contas, em titularidade de Cláudia Cruz. Nesta
sexta-feira, a Operação Poço Seco segue investigando o pagamento de
propina sobre o campo de Benin, buscando esclarecer mais detalhes a
respeito do caminho dos recursos e de outros possíveis envolvidos e
beneficiados no esquema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário