A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba denunciou nesta segunda-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso
envolvendo obras no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), frequentado
pelo petista e reformado pelas empreiteiras Odebrecht, Schahin e OAS,
além do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Caso o
juiz federal Sergio Moro aceite a acusação dos procuradores, o petista
se tornará réu pela sexta vez, três delas na investigação que apura
desvios na Petrobras.
De acordo com os procuradores, o
ex-presidente foi beneficiado ilicitamente com cerca de um milhão de
reais nas reformas, que incluíram a construção de anexos e benfeitorias
no sítio, como a instalação de uma cozinha de alto padrão. Odebrecht e
OAS teriam arcado com 870.000 reais das obras e a Schahin, por meio de
Bumlai, teria pago 150.500 reais.
O dinheiro teria sido retirado,
no caso da Odebrecht, de quatro contratos: dois para construção da
refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e dois do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj); no caso da OAS, o dinheiro
teria sido contabilizado nas vantagens indevidas pagas sobre três
contratos: de construção e montagem dos gasoduto Pilar-Ipojuca e
Urucu-Coari e da construção do Novo Centro de Pesquisas da Petrobras
(Novo Cenpes), no Rio.
Assim como nas outras duas denúncias da
Lava Jato contra Lula, os procuradores da equipe coordenada por Deltan
Dallagnol voltaram a afirmar que ele “capitaneou e se beneficiou desse
grande e poderoso esquema criminoso”. “Por trás de todo esse esquema
partidário de dominação das diferentes Diretorias da Petrobras e, mesmo,
de outros órgãos públicos federais, existia o comando comum de Luiz
Inácio Lula da Silva, que era simultaneamente chefe do governo
beneficiado e líder de uma das principais legendas envolvidas no macro
esquema criminoso”, afirma o MPF.
Além de Lula e Bumlai, os
procuradores do MPF denunciaram os empreiteiros Léo Pinheiro, Agenor
Franklin Magalhães Medeiros e Paulo Roberto Valente Gordilho, todos
executivos da OAS; Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht, Alexandrino
Alencar, Carlos Armando Guedes Paschoal e Emyr Diniz Costa Júnior,
executivos da Odebrecht; além do ex-assessor especial da Presidência
Rogério Aurélio Pimentel, o advogado Roberto Teixeira e Fernando Bittar,
um dos donos oficiais do sítio.
Os processos contra Lula
O
ex-presidente Lula já responde na Justiça Federal do Paraná a duas
ações penais. Em uma delas, o petista é acusado pelo Ministério Público
Federal dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por
supostamente ter sido beneficiado com propinas de 3,7 milhões de reais
da OAS na reserva e na reforma do tríplex do Guarujá (SP) e no
armazenamento de seu acervo presidencial em uma empresa de transportes.
Em
outro processo sob a responsabilidade de Sergio Moro na Justiça Federal
do Paraná, o petista é acusado pelo MPF dos crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido propinas de 13
milhões de reais da Odebrecht.
Parte do dinheiro, 12,4 milhões de
reais, teria sido gasta na compra de um terreno para abrigar a sede do
Instituto Lula em São Paulo – o instituto acabou sendo construído em
outro endereço. Outros 504.000 reais teriam sido usados na compra da
cobertura contígua à de Lula no edifício Hill House, em São Bernardo do
Campo (SP). As duas compras teriam sido feitas por meio de laranjas.
Moro iniciou as oitivas de testemunhas neste processo nesta semana.
Ainda não há previsão para depoimento do ex-presidente.
Os outros
três processos contra Lula correm na Justiça Federal do Distrito
Federal, sob a caneta dos juízes Vallisney Oliveira e Ricardo Leite.
O
petista é acusado do crime de obstrução de Justiça por meio da compra
do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, processo em que
já depôs como réu; dos crimes de organização criminosa, lavagem de
dinheiro, corrupção passiva e tráfico de influência em contratos do
BNDES que teriam favorecido a Odebrecht, um desdobramento da Operação
Janus; e tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização
criminosa, processo decorrente da Operação Zelotes.
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