Em entrevista coletiva para detalhar a Operação Blackout, 38ª fase da
Operação Lava Jato deflagrada nesta quinta-feira, representantes do
Ministério Público Federal (MPF) afirmaram que os lobistas Jorge Luz e
Bruno Luz, operaram desvios de cerca de 40 milhões de dólares em dez
anos, sobretudo na diretoria Internacional da Petrobras, mas também nas
áreas de Abastecimento e Serviços. Eles tiveram as prisões preventivas
decretadas, mas não foram localizados pelos policiais, que cumpriram
dois mandados de prisão preventiva no Rio de Janeiro.
Segundo o
procurador Diogo Castor de Mattos, os dois teriam “fortes conexões tanto
com diretores corruptos da Petrobras quanto agentes políticos
(diretores da estatal e políticos) do partido PMDB“. Mattos se recusou a
citar nomes, mas confirmou que os políticos envolvidos são em sua
maioria pessoas ainda no exercício dos cargos – e, portanto, com foro
privilegiado –, sobretudo senadores. Ele disse ainda que havia um
senador responsável pela divisão dos valores entre os demais envolvidos.
Individualmente,
os repasses para agentes públicos e políticos teriam variado de 300 mil
a seis milhões de dólares. Entre as empresas envolvidas estão a Schahin
Engenharia, a Trafigura e a Samsung. Mattos ressalta que as informações
que basearam a fase desta quinta-feira partiram das delações premiadas
do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e do lobista
Fernando Baiano, ligado ao PMDB.
Ainda não estão claros os valores
recebidos por cada agente envolvido. Em delação, Cerveró confessou ter
recebido 2,5 milhões pela venda de um navio-sonda da Petrobras. Segundo
os investigadores, as prisões preventivas de Jorge e Bruno Luz foram
motivadas pela ida de ambos ao exterior, o filho em agosto de 2016 e o
pai em janeiro desse ano, sem previsão de retorno ao Brasil. Segundo o
delegado Maurício Moscardi Grillo, o Bruno Luz possui nacionalidade
portuguesa. A pedido do Juízo, o nome dos dois já foi incluído na lista
de procurados da Interpol.
Outras diretorias
Apesar
de atuarem principalmente na diretoria Internacional, eles fizeram
negociações com a diretoria de Abastecimento durante a gestão do
ex-diretor Paulo Roberto Costa. Em sua delação, Costa disse aos
procuradores que, apesar de ser indicação partidária do PP, em dado
momento, ele teria sido ‘obrigado’ a repassar valores também para
políticos do PMDB, momento que os dois teriam feito negócios nesta
diretoria.
Nota publicada pelo MPF no momento da deflagração da
operação informou que eles também se envolveram no pagamento de propinas
a Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da estatal, através de
contratos com a empresa Sete Brasil envolvendo a exploração do pré-sal.
Segundo os investigadores, Jorge Luz atua na Petrobras desde os anos
1980, mas só são alvo das investigações suas atividades mais recentes na
estatal.
Pai e filho
Jorge Luz sempre
foi conhecido como homem de confiança dos senadores Renan Calheiros e
Jader Barbalho, ambos do PMDB, e tinha um bom trâmite entre políticos do
PMDB, PT e PP. Ele costumava abrir caminho para a realização de bons
negócios para empresas nacionais e multinacionais. Em troca, receberia
“pagamentos”, para serem divididos com parlamentares do esquema. Em
junho de 2016, a PF levantou os registros de entrada e saída do país de
Jorge e Bruno Luz e descobriu que ambos viajavam com frequência para
Miami, Europa e, no caso de Bruno, para o Panamá em 2013. O país é
conhecido por ser um paraíso fiscal.
Segundo o procurador Diogo
Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, as prisões foram
decretadas “para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação
da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram
recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”. A
nota enviada pelo MPF ressalta que, sendo confirmada a evasão dos
suspeitos para o exterior, será pedida a inclusão deles na lista de
foragidos internacionais da Interpol.
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