Por Claudia Violante
O dólar fechou em queda nesta
quinta-feira, pela segunda sessão consecutiva e voltando ao patamar de
3,05 reais depois de quase dois anos, após o Federal Reserve, banco
central dos Estados Unidos, não endossar apostas de aumento de juros em
breve e em meio ao ambiente de taxas mais baixas no Brasil que
alimentavam avaliações mais positivas sobre a economia.
O dólar
recuou 0,46 por cento, a 3,0565 reais na venda, menor cotação de
fechamento desde 21 de maio de 2015 (3,0426 reais). Na mínima do dia,
foi a 3,0510 reais.
O dólar futuro tinha baixa de 0,30 por cento no final da tarde.
"Além
de o mercado achar que o Fed não deve subir o juro agora em março, o BC
brasileiro cortou a Selic, o que ajuda a impulsionar a economia e deixa
investidores satisfeitos", comentou o operador da Advanced Corretora,
Alessandro Faganello.
Na véspera, a ata do último encontro do
Federal Reserve mostrou que muitos membros do colegiado disseram ser
apropriado aumentar os juros "em breve", caso os dados de emprego e
inflação estejam alinhados com as expectativas. O Fed se reúne novamente
para tratar de política monetária nos dias 14 e 15 de março.
Entre
os membros com direito a voto, no entanto, havia muito menos urgência
de aumentar as taxas, com muitos vendo apenas "risco modesto" de que a
inflação aumentaria significativamente e que o Fed "provavelmente teria
tempo suficiente" para responder se surgissem pressões sobre os preços.
Dessa
forma, os investidores ganharam tempo para deixar seus recursos
aplicados em outras praças, como a brasileira. Juros maiores pelo Fed
têm potencial para atrair recursos à maior economia do mundo.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
O
dólar também recuou no Brasil com o cenário um pouco mais positivo para
a economia brasileira, após o BC reduzir a taxa básica de juros na
noite passada em 0,75 ponto percentual, a 12,25 por cento, e deixar a
porta aberta para acelerar o passo em breve.
Além disso, mesmo com
os cortes, a Selic ainda é a maior taxa do mundo, segundo a corretora
Infinity, o que mantém a atratividade do mercado brasileiro aos
investidores.
O movimento da moeda norte-americana, entretanto,
não foi uniforme durante todo o dia. Quando foi para as mínimas, atraiu
compradores, que aproveitaram os preços baixos para recompor carteiras e
diminuíram o recuo do dólar ante o real momentaneamente.
"Como
semana que vem tem o Carnaval, muitos investidores se anteciparam e o
preço baixo foi um atrativo", comentou o operador de câmbio de uma
corretora local. "Com a folga, não descarto um dólar mais pressionado na
sessão de amanhã", emendou.
O BC vendeu o lote integral de 6 mil
swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- nesta
sessão, rolando apenas parte (equivalente a 2,4 bilhões de dólares) dos
6,954 bilhões de dólares em swaps que vencem em março. A autoridade não
costuma fazer leilões no último pregão do mês que, por causa do
Carnaval, acontece nesta sexta-feira.
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