O juiz federal Sérgio Moro
determinou nesta segunda-feira que sejam soltos o marqueteiro João
Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura, presos no âmbito da operação
Lava Jato, por entender que o casal, responsável pelas três últimas
campanhas presidenciais do PT, mostraram intenção de esclarecer os fatos
de que são acusados.
No
despacho, Moro também afirma que os crimes imputados ao casal
encontram-se "em um nível talvez inferior da de corruptores, corrompidos
e profissionais do crime".
"Nessa
fase processual, após cinco meses de prisão cautelar, com a instrução
das duas ações penais próximas ao fim e com a intenção manifestada por
ambos os acusados de esclarecer os fatos, reputo não mais absolutamente
necessária a manutenção da prisão preventiva, sendo viável substituí-la
por medidas cautelares alternativas", escreveu Moro ao determinar a
soltura de Mônica.
Pouco
depois ele também decidiu dar liberdade ao marqueteiro, que fez as
campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e as
campanhas da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
Moro
proibiu o casal de deixar o pais e determinou que ambos entreguem seus
passaportes à Justiça. Ele também decidiu que Mônica e Santana não
poderão manter contato com outros investigados ou com aqueles que
contrataram seus serviços eleitorais.
No
caso de Mônica, o juiz, responsável pelos processos da Lava Jato em
primeira instância, estabeleceu fiança de 28 milhões de reais, valor
referente ao montante que havia sido bloqueado das contas de Mônica
quando de sua prisão. Para Santana, a fiança estipulada foi de 2,7
milhões de reais, também referente ao montante que havia sido bloqueado
das contas do marqueteiro.
O
advogado do casal, Fabio Tofic, negou que a decisão de Moro de libertar
Mônica e Santana tenha a ver com um acordo de delação premiada.
"A
decisão do juiz federal Sérgio Moro foi motivada por ele entender que
não havia razão para manter a prisão preventiva depois de terem prestado
depoimento", disse o advogado.
Em
depoimento no mês passado a Moro, Mônica disse que a campanha eleitoral
da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010 teve recursos de caixa
dois.
A publicitária disse ao
magistrado que a empresa de publicidade dela e de Santana recebeu de
forma não contabilizada 4,5 milhões de dólares na conta de uma offshore
pertencente a Santana na Suíça, referentes ao pagamento de uma dívida de
campanha de 2010.
Mônica
disse que os recursos foram pagos pelo empresário Zwi Skornicki, também
preso na Lava Jato, e que, segundo ela, foi indicado pelo então
tesoureiro do PT João Vaccari Neto, já condenado na Lava Jato.
No depoimento, ela também disse a Moro estar disposta a colaborar com a Justiça mediante um acordo.
Em seu depoimento, Santana também afirmou que houve caixa dois na campanha da petista.
Santana e Mônica estão presos desde fevereiro.
O PT tem afirmado que as contas da campanha de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. O partido nega irregularidades.
(Reportagem de Eduardo Simões)
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