Aliados da presidente afastada,
Dilma Rousseff, estão tentando costurar um acordo que permite a ela
comparecer ao julgamento final de seu processo no plenário do Senado,
sem ser interpelada pelos parlamentares. Os defensores de Dilma a
aconselharam a comparecer ao julgamento no final deste mês, mas ela quer
a garantia de que não será atacada ou desrespeitada.
Integrantes
da base do presidente interino, Michel Temer, porém, acreditam que será
difícil dar essa garantia a Dilma. Eles não querem se comprometer a não
fazer perguntas.
O advogado
da petista, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, tem dito que só vale a
pena para Dilma comparecer se ela “falar e ir embora”. Os aliados da
presidente afastada avaliam que ela poderia aproveitar sua presença no
julgamento para fazer um discurso de despedida do cargo.
Cardozo
esteve esta semana com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Ricardo Lewandowski, para discutir alguns aspectos do
julgamento, como o número de testemunhas de acusação e defesa.
Lewandowski será o responsável por conduzir o julgamento.
DEM
e PSDB não asseguraram que abrirão mão de fazer perguntas. Por isso,
dizem que seria melhor Dilma se preservar e sequer comparecer. O líder
do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que a figura da
presidente afastada será respeitada:
— Seremos respeitosos, mas não abriremos mão das perguntas. Seremos firmes, mas respeitosos — disse Cunha Lima.
O
líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), na mesma linha, disse que
os parlamentares farão debates e lembrou que muitos que hoje são
opositores a ela e votarão pelo impeachment integraram a base do governo
do PT.
— Seria imprevisível.
Eu sempre fui oposição, mas outros já foram aliados. Acho que o melhor
neste momento seria ela não se expor. Não tem mais momento para isso.
Ela tem que se preservar como ex-presidente. E esses tipos de situação,
em plenário, são imprevisível, conflituosa e desgastante. Isso não vai
reverter nenhum voto — disse Caiado
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que gostaria que a petista comparecesse, mas afirmou temer retaliações:
—
Para mim, Dilma deveria vir, falar e sair. Mas temos três ou quatro
senadores que poderiam criar situações muito constrangedoras — disse.
Em
1992, o então presidente Fernando Collor não compareceu ao julgamento.
Segundo interlocutores, Dilma ainda está avaliando a situação, mas já
disse que está esgotada.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou em plenário que
Dilma, numa conversa, lhe disse que não “aguentava mais”. Em resposta,
os petistas discursaram e disseram que isso era “mentira”. Mas, nos
bastidores, afirmam a mesma coisa.
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