O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, chefe do Ministério
Público Federal, negou hoje (23) que os procuradores do órgão tenham
recebido delação citando o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias
Toffoli. “Reafirmo que não houve nas negociações ou pretensas
negociações de colaboração com essa empreiteira nenhuma referência,
nenhum anexo, nenhum fato enviado ao Ministério Público que envolvesse
essa alta autoridade judiciária”, disse Janot durante sessão do Conselho
Nacional do Ministério Público.
“Posso afirmar
peremptoriamente que esse fato não foi trazido ao conhecimento do
Ministério Público. Esse pretenso anexo jamais ingressou em qualquer
dependência do Ministério Público, portanto, de vazamento não se trata.
Ou se trata de um fato que o jornal ou meio de comunicação houve por bem
publicar ou se trata de um fato que alguém vendeu como verdadeiro”,
acrescentou o procurador-geral.
Matéria da revista Veja do
último fim de semana diz que o ministro Dias Toffoli teria sido citado
pelo ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, durante negociação
com o MPF para delação premiada relacionada a Operação Lava Jato. “Esse
meio de comunicação disse ter havido um anexo, que é o nome que se dá às
informações escritas dos colaboradores ao Ministério Público,
envolvendo um alto magistrado da República e as especulações vêm de que
houve vazamento sobre essas informações”, disse Janot.
O
procurador classificou a informação sobre o suposto acordo de
“estelionato delacional” e “cortina de fumaça” para pressionar o MPF a
aceitar a delação. “Na minha humilde opinião trata-se de um quase
estelionato delacional, em que inventa-se um fato, divulga-se o fato
para que haja pressão ao órgão do Ministério Público para aceitar desta
ou daquela maneira eventual acordo de colaboração”, criticou.
Depois
da publicação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspendeu a
negociação para que um possível acordo de delação premiada fosse feito
com Léo Pinheiro.
Janot enfatizou que há dois grupos trabalhando
na Operação Lava-Jato, um em Curitiba e outro em Brasília, ambos
interdisciplinares, envolvendo MP, Polícia Federal, agentes de
inteligência e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras. “Não é
possível que sejamos e estejamos todos nessa conspiração para o mal,
nessa conspiração abjeta”, disse.
Para o procurador-geral, o
Brasil está dividido em dois lados e ambos estão descontentes com as
ações do MPF. “Então estamos desagradando todos os lados. Na minha
visão, isso é um sinal positivo, caminhamos bem, porque não estamos
agradando a lado algum, porque não temos bandeira, ideologia, parte. Não
temos um lado, temos o lado da investigação dos fatos”. Ao se defender
das críticas, Janot voltou a afirmar que o “Ministério Público tem couro
grosso”.
Gilmar Mendes
Mais cedo, o
ministro do STF Gilmar Mendes criticou o suposto vazamento de
informações do MPF sobre a Lava Jato e disse que os procuradores não
podem se achar o “ó do borogodó” porque têm a atenção da imprensa e que
precisam calçar “as sandálias da humildade”.
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