O ex-presidente da OAS José
Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, forneceu informações que comprometem
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a procuradores da Operação
Lava-Jato que atuam em Brasília. Nas palavras de uma pessoa que
participa das tratativas, as denúncias de Pinheiro são “mortais” para o
petista, segundo informação publicada pela coluna “Radar”, da Veja, e
confirmada pelo GLOBO. O empreiteiro negocia um acordo de delação
premiada, que ainda não foi firmado.
Léo
Pinheiro começou a discutir um acordo de delação com procuradores de
Curitiba no início do ano, mas a negociação não avançou. As informações
prometidas pelo empreiteiro não interessaram à força-tarefa naquele
momento. Em novas tratativas, agora com procuradores de Brasília, as
conversas evoluíram a ponto de o acordo ficar próximo de ser firmado.
No
entanto, Léo Pinheiro ainda não prestou nenhum depoimento formal
referente à delação. Fontes ouvidas pelo GLOBO estimam que as
negociações devem se prolongar por mais três meses. O empreiteiro também
deve falar sobre as mensagens telefônicas encontradas em seu celular,
inclusive as conversas com o presidente afastado da Câmara Eduardo
Cunha. Léo Pinheiro já foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão
pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele recorre da
decisão em liberdade, enquanto é monitorado por tornozeleira eletrônica.
A expectativa da Lava-Jato é
que a eventual delação de Léo Pinheiro esclareça a relação da OAS com
Lula, a quem é atribuído um tríplex no Guarujá que está em nome da
empresa. A OAS promoveu a reforma do imóvel no valor de R$ 1 milhão. A
força-tarefa suspeita que a obra tenha sido uma forma de retribuição por
vantagens indevidas na participação do esquema de desvios de dinheiro
da Petrobras. A empreiteira fechou contratos de mais de R$ 7 bilhões com
a estatal entre 2007 e 2012. Lula nega ser o proprietário do tríplex.
O
ex-presidente nega também ser dono do sítio Santa Bárbara, em Atibaia,
no interior de São Paulo, que frequenta com a família desde 2011, quando
deixou a Presidência. O sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas
Suassuna, que é sócio do filho do ex-presidente, Fábio Luís Lula da
Silva, o Lulinha, na empresa BR4 Participações. O Ministério Público
Federal acredita que a OAS tenha feito obras de contenção de um lago e
comprado móveis para a cozinha. A construtora Odebrecht também teria
participado da reforma do local.
Os
negócios de Lula com as empreiteiras são alvo de investigação da
Lava-Jato, que suspeita que o ex-presidente tenha sido um dos
beneficiários do esquema na Petrobras. Na 24ª fase da operação, em
março, Lula foi levado para prestar esclarecimentos à Polícia Federal.
Autorizada por Moro, a condução coercitiva do ex-presidente foi alvo de
críticas de petistas, assim como as escutas telefônicas do ex-presidente
divulgadas posteriormente.
Os
investigadores queriam informações sobre pagamentos de R$ 30,7 milhões
feitos por empreiteiras envolvidas nas fraudes à Petrobras ao Instituto
Lula e a LILS Palestras, empresa que pertence a Lula. Além da OAS,
Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, UTC e Queiroz Galvão
doaram R$ 20,7 milhões ao instituto e pagaram R$ 9,920 milhões por
palestras entre 2011 e 2014. A OAS chegou a pagar US$ 200 mil dólares
por uma conferência do ex-presidente.
Cinco
dias depois do depoimento, Lula foi denunciado pelo Ministério Público
de São Paulo. Os promotores acusam o ex-presidente dos crimes de lavagem
de dinheiro e falsidade ideológica pela suposta aquisição do tríplex no
Guarujá. Na denúncia, foi pedida a prisão preventiva do ex-presidente.
Léo Pinheiro também foi denunciado. O caso foi remetido ao juiz Sérgio
Moro, e, depois, enviado ao STF por determinação do ministro Teori
Zavascki. A denúncia ainda não foi julgada.
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