O Tribunal Regional Federal da
4ª Região aceitou nesta quarta-feira denúncia contra a filha do
ex-ministro José Dirceu, Camila Ramos de Oliveira e Silva, e a
transformou em ré pelo crime de lavagem de dinheiro. As suspeitas
levantadas pela Operação Lava Jato são de que ela teve um imóvel de
750.000 reais comprado com dinheiro de propinas pagas por empreiteiras
que participavam do petrolão. Também se tornou ré nesta quarta a
arquiteta Daniella Facchini, apontada pelo Ministério Público Federal
como responsável por esconder a origem e a propriedade de cerca de 2
milhões de reais disponibilizados pela empreiteira Engevix e outras
companhias pagos a ela como contraprestação por seus serviços na reforma
da casa de José Dirceu em Vinhedo (SP).
Em
setembro do ano passado, o juiz Sergio Moro, responsável pelos
processos da Operação Lava Jato em Curitiba, havia rejeitado a denúncia
contra Camila e Daniella, considerando que as duas não participavam do
escândalo do petrolão e nem teriam agido com dolo ao aplicar dinheiro
oriundo de crime na compra e reforma de imóveis. No recurso que garantiu
que ambas se tornassem rés, o MP alegou que o dolo deve ser comprovado
ao longo do processo. "Ainda que Camila e Daniella não tenham qualquer
envolvimento com os delitos antecedentes e com o esquema criminoso
envolvendo a Petrobras, tal constatação não é óbice para os
envolvimentos na lavagem dos recursos ilícitos", disse o relator do
caso, desembargador João Pedro Gebran Neto.
No
mês passado, José Dirceu foi condenado a mais de 23 anos de prisão por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As
evidências contra ele foram colhidas na 17ª fase da Operação Lava Jato,
chamada de Pixuleco. Na mesma ação penal, além de Dirceu, foram
condenadas outras dez pessoas, entre elas o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, os ex-dirigentes da Petrobras Renato de Souza Duque e
Pedro José Barusco, o executivo da Engevix Gerson de Mello Almada e o
lobista da empreiteira Milton Pascowitch. O irmão do ex-ministro, Luiz
Eduardo de Oliveira, e o seu ex-assessor, Roberto 'Bob' Marques, também
foram penalizados. O primeiro a oito anos de prisão por lavagem de
dinheiro. E o segundo, que foi absolvido do crime de lavagem, por
pertinência à organização criminosa.
Segundo
a sentença, Dirceu recebeu cerca de 15 milhões de reais em propina de
empreiteiras envolvidas no petrolão, em especial da Engevix. No
despacho, o juiz Sergio Moro chama a atenção para a suspeita de que o
petista embolsou ilícitos até novembro de 2013, época em que ele já
havia sido condenado no mensalão por corrupção passiva. A punição dele
foi aumentada por ser reincidente.
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu,
durante audiência que ouve os presos da operação Lava Jato na CPI da
Petrobras, no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, na manhã
desta segunda-feira (31)
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