O deputado Marcos Rogério
(DEM-RO) entregou na manhã desta terça-feira (31) ao Conselho de Ética
da Câmara o relatório e o seu voto sugerindo a cassação de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que foi afastado do cargo e do mandato no dia 5 pelo STF
(Supremo Tribunal Federal).
O documento foi recebido pelo
presidente do órgão, José Carlos Araújo (PR-BA), que deve marcar sessão
de leitura ainda nesta semana.
O voto de Rogério ficará lacrado
até a sessão do Conselho, mas a reportagem apurou com integrantes do
colegiado que ele pede a cassação de Cunha com base no argumento
principal de que ele mentiu à CPI da Petrobras quando, em 2015, negou
ter "qualquer tipo de conta" no exterior.
Apesar de estar impedido
pela presidência da Câmara de incluir como motivo de cassação a
acusação de que Cunha recebeu propina no petrolão, Rogério não deixará o
tema de fora de seu voto.
Ele argumentará que as contas
vinculadas a Cunha da Suíça foram omitidas por terem sido, segundo as
investigações da Procuradoria-Geral da República, abastecidas em parte
com recursos oriundos do esquema de corrupção na Petrobras.
Aliados
de Cunha trabalham para a aplicação de uma punição branda ao
peemedebista, como a suspensão de suas prerrogativas parlamentares. Eles
dizem ter maioria dos votos nesse sentido no Conselho, que é composto
por 21 integrantes e que, em março, aprovou a continuidade da
investigação contra Cunha por margem mínima, 11 votos a 10.
Desde
então, aliados do presidente afastado da Câmara promoveram troca de
cadeiras no Conselho. Eles pressionam a deputada Tia Eron (BA), do PRB
de Celso Russomanno (SP) e novata no colegiado, a votar a favor de
Cunha.
A votação no Conselho deve acontecer ainda na primeira
semana de junho, caso não haja reviravoltas. Uma possível é a anulação
de parte do trabalho do Conselho pelo presidente interino da Câmara,
Waldir Maranhão (PP-MA), aliado de Cunha e que já deu decisões
favorecendo o peemedebista.
Após a votação no Conselho, o caso de
Cunha pode seguir para o plenário da Câmara (há dúvida sobre se isso
ocorrerá caso o Conselho aprove apenas uma punição branda). Caso chegue
ao plenário, Cunha só perde o mandato se pelo menos 257 dos seus 512
colegas votarem nesse sentido.
O deputado foi afastado do cargo e
do mandato por, segundo os ministros do Supremo Tribunal Federal, usar
seu poder legislativo para barrar as investigações da Lava Jato e o
processo na Câmara. Cunha é réu no Supremo e é alvo de denúncia,
inquéritos e pedidos de inquérito sob a acusação de integrar o petrolão.
Ele
nega todas as acusações, inclusive a de que tem contas no exterior (ele
diz ter doado o dinheiro para trusts, administradoras de bens e
direitos de terceiros). E afirma que o Conselho tem cometido uma série
de irregularidades formais em seu processo. Com informações da
Folhapress.
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