A presidente Dilma Rousseff
afirmou nesta quinta-feira (07/01) que o Brasil vai ter que "encarar" a
reforma da Previdência Social. A população brasileira está envelhecendo,
e a expectativa de vida do brasileiro aumentou em torno de 4,6 anos nos
últimos anos, disse. Além disso, Dilma admitiu a jornalistas no Palácio
do Planalto que o maior erro do governo foi não perceber a tempo o
tamanho da desaceleração da economia.
"Vamos
ter que encarar a reforma da Previdência. Não é possível que a idade
média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos. Para a mulher, um pouco
menos. Não é possível por uma questão quantitativa. Vai ter menos gente
trabalhando no futuro para sustentar mais gente sem trabalhar: os mais
velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais novos, que estão
nascendo", afirmou.
Segundo a
presidente, há várias formas de lidar com a questão da Previdência. "Os
países desenvolvidos buscaram aumentar a idade mínima de acesso à
aposentadoria. Tem outro caminho que é o 85/95 móvel, progressivo, que
resultará na mesma convergência. Em todos os dois casos, uma coisa vai
ter de ser considerada: não se pode achar que se afetam direitos
adquiridos", disse, destacando que a estabilidade e a segurança jurídica
preveem que os direitos já adquiridos devem ser preservados.
As
novas regras para o cálculo da aposentadoria, sancionadas em novembro,
levam em consideração a soma da idade e o tempo de contribuição do
segurado, a chamada regra 85/95 progressiva. Alcançados os pontos
necessários, o trabalhador receberá o benefício integral, e não haverá a
aplicação do fator previdenciário.
A
fórmula 85/95 significa que o trabalhador pode se aposentar com 100% do
benefício quando a soma da idade e tempo de contribuição for 85, no
caso das mulheres, e 95, no caso dos homens. A partir de 31 de dezembro
de 2018, essa fórmula sofrerá o acréscimo de um ponto a cada dois anos.
A
lei limita esse escalonamento até 31 de dezembro de 2026, quando a soma
para as mulheres passará a ser de 90 pontos, e para os homens, de 100
pontos. O tempo mínimo de contribuição permanece de 30 anos para as
mulheres e de 35 anos para os homens.
Crise econômica e CPMF
Outro
tema delicado, a economia, também foi abordado pela presidente no
Palácio do Planalto. Numa rara admissão de culpa, Dilma afirmou que o
maior erro do governo foi subestimar o tamanho da desaceleração da
economia, em 2014, e de, consequentemente, não ter reagido com a rapidez
necessária.
"O maior erro do
governo, estou falando de 2014, e que teve repercussão em 2015: nós,
como muitos, não percebemos o tamanho da desaceleração que ocorreria em
decorrência de efeitos externos e internos", admitiu.
Ela
garantiu também que o governo fará "de tudo" para reajustar a inflação e
cumprir o superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). "Nosso
objetivo é que a inflação volte o mais rapidamente ao centro da meta. O
Banco Central está falando que nós olharemos isso num horizonte de até
2017, a respeito dos 4,5%. Eu estou dizendo que nós queremos nos
aproximar da banda de cima da meta o mais rápido possível este ano",
disse, referindo-se ao teto da meta, de 6,5%.
Por
fim, a presidente defendeu a aprovação da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF). "Não é questão só de reequilíbrio
fiscal, mas também é questão de saúde pública. Aprovar a CPMF pode
ajudar a resolver o problema da saúde pública no país", afirmou.
PV/abr/ots
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