BRASÍLIA - O ministro Teori
Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF), autorizou, nesta sexta-feira, 2, a Polícia Federal a colher
depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “informante”
nas investigações do esquema de corrupção na Petrobrás. O pedido para
ouvir o ex-presidente foi feito pela PF e teve parecer favorável por
parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
No
despacho em que autoriza que Lula seja ouvido, Zavascki ressalta que
cabe ao procurador-geral e às autoridades policiais apontarem quais
diligências devem ser cumpridas no curso da investigação. “O modo como
se desdobra a investigação perante o Supremo Tribunal Federal e o juízo
sobre a conveniência, a oportunidade ou a necessidade de diligências
tendentes à convicção acusatória são atribuições do Procurador-Geral da
República e da autoridade policial, a qual se atribui o poder-dever de
reunir os elementos necessários à conclusão das investigações, efetuando
as inquirições e realizando as demais diligências necessárias à
elucidação dos fatos, apresentando, ao final, peça informativa”,
escreveu Zavascki.
Lula será ouvido no inquérito que tramita no Supremo
Tribunal Federal e investiga 39 pessoas por suposta construção de um
esquema para distribuição dos recursos ilícitos a políticos de ao menos
três partidos: PP, PMDB e PT. Zavascki autorizou os depoimentos dos
demais nomes apontados pela Polícia Federal e endossados pelo parecer da
PGR, entre eles o dos ex-ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral
da Presidência, governo Dilma Rousseff), Ideli Salvatti (Secretaria de
Relações Institucionais, governo Dilma) e José Dirceu (Casa Civil,
governo Lula).
Para o delegado da PF Josélio Souza, é preciso
buscar indícios para verificar eventuais vantagens pessoais recebidas
pelo então presidente, como atos de governo que "possibilitaram que o
esquema" fosse mantido. Ao recomendar que Zavascki atendesse o pedido da
polícia, Janot destacou que o ex-presidente e as novas testemunhas não
são investigados. De acordo com o procurador-geral, até o momento não há
o que "justifique" a ampliação da lista de investigados perante o
Supremo.
No despacho em que autoriza os depoimentos, Zavascki
reforça que PF e PGR concordaram quanto à necessidade de colher os
depoimentos, que “não ostentam condição de investigados”. “No caso, as
manifestações dessas autoridades são coincidentes no sentido de que as
pessoas a serem ouvidas em diligências complementares não ostentam a
condição de investigadas, mas, segundo se depreende do requerimento da
autoridade policial, a condição de informantes”, escreveu o ministro.
Dilma. Teori
Zavascki também analisou pedido do PSDB, com base no ofício da Polícia
Federal, para tentar liberar a PF a investigar a presidente Dilma
Rousseff. Isso porque ao encaminhar relatório ao Supremo, a PF apontou
que Dilma não pode ser investigada por conta da vedação prevista na
Constituição. Na visão do ministro do STF, o pedido é “inviável”. “Além
de tratar de questão estranha ao âmbito deste inquérito, cuja provocação
não dispensaria, segundo a jurisprudência aqui assentada, a iniciativa
do Ministério Público é importante registrar que o Supremo Tribunal
Federal não profere decisões de caráter meramente consultivo, sem
pertinência 'com a essência da atividade jurisdicional'”, escreveu
Zavascki.
O PSDB pedia que o ministro informasse a PF sobre a possibilidade de proceder interrogatório da presidente Dilma.
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