Ibovespa tem maior alta em 10 meses com reforma ministerial e dados dos EUA
A
Bovespa teve sua maior alta em mais de 10 meses nesta sexta-feira,
refletindo a recepção positiva do mercado ao anúncio de reforma
ministerial pela presidente Dilma Rousseff e a dados de emprego dos
Estados Unidos que podem fazer com que o banco central norte-americano
demore mais para elevar a taxa de juro do país.
O
Ibovespa subiu 3,8 por cento, a 47.033 pontos, maior alta desde 21 de
novembro de 2014, tendo caído 0,75 por cento no pior momento do dia. Na
semana, o Ibovespa avançou 4,9 por cento. O giro financeiro do pregão
totalizou 5,4 bilhões de reais.
Dilma
anunciou redução de oito ministérios, como parte de uma reforma que
deve gerar uma economia de 20 por cento nos gastos de custeio e
contratação de serviços de terceiros e de 10 por cento na remuneração de
ministros.
"O mercado
interpreta isso como uma ação, algo que o governo não fez em nenhum
momento e tinha ficado devendo. Agora cortou na carne", disse o analista
Raphael Figueredo, da Clear Corretora, para quem a situação política
instável está entre os principais fatores de pressão para as ações
brasileiras.
Figueredo
apontou ainda que a Bovespa teve o amparo dos índices norte-americanos,
que caíram pela manhã mas acabaram fechando com ganho superior a 1 por
cento.
No exterior, o foco
foram os dados de emprego dos EUA que mostraram que o setor privado
norte-americano, excluindo o agrícola, criou 142 mil postos de trabalho
em setembro, enquanto dados de agosto foram revisados para mostrar ganho
de apenas 136 mil vagas. Foi o menor ganho em dois meses em mais de um
ano.
Os dados alimentaram
temores de que a desaceleração global, especialmente da China, esteja
enfraquecendo os EUA. Mas, no curto prazo, o dado foi visto como maior
chance do banco central norte-americano elevar o juro do país só em
2016, o que é positivo para mercados emergentes como o Brasil, disse o
operador de renda variável Luiz Roberto Monteiro, da Renascença DTVM.
DESTAQUES
=PETROBRAS
PN, BANCO DO BRASIL E ELETROBRAS ON apareceram entre as altas mais
significativas, com ganhos de 10,68 por cento, 6,77 por cento e 7,69 por
cento, respectivamente. Segundo Figueredo, da Clear, as ações das
estatais reagiram bem ao anúncio da reforma por parte do governo. "São
empresas que sofrem muito na mão do governo. Acabam reagindo a essa ação
para melhorar o lado fiscal", afirmou. Sobre Petrobras, o jornal Valor
Econômico noticiou nesta sexta-feira que a companhia deve realizar
apenas 20 bilhões dos 29 bilhões de dólares de investimentos programados
para este ano.
=KROTON e
Estácio avançaram, respectivamente 10,35 e 8,37 por cento, entre as
maiores altas do Ibovespa. O analista Luis Gustavo Pereira, da Guide
Investimentos, afirmou que a volta do ministro Aloizio Mercadante para o
Ministério da Educação foi uma influência positiva para os papéis. "Ele
pode ser um nome mais forte, experiente, com força maior dentro do PT
que pode brigar por mais recursos", disse.
=SMILES
ganhou 10 por cento, em movimento de recuperação após perda de 36 por
cento desde o início de setembro até a véspera por preocupações com sua
controladora Gol e em meio à alta do dólar.
=VIA
VAREJO, que não está no Ibovespa, caiu 2,25 por cento diante da notícia
de que seu presidente, Líbano Barroso, deixará o cargo para ocupar a
recém-criada vice-presidência de operações do Grupo Pão de Açúcar, cujas
ações tiveram variação positiva de 0,18 por cento.
=CESP
subiu 4,38 por cento. O governo federal propôs pagar 51 milhões de
reais em indenizações às empresas que operavam hidrelétricas que tiveram
a concessão encerrada e serão levadas a leilão em 6 de novembro, sendo 2
milhões de reais para a estatal paulista.
=FIBRIA
E SUZANO caíram 2,64 e 3,27 por cento, nesta ordem. Os papéis foram
alvo de embolso de lucros, diante do recuo do dólar em 1,42 por cento
ante o real. O dólar elevado favorece exportações das produtoras de
celulose.
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