Em dia volátil, dólar cai 1,23% sobre o real, com fiscal e especulações sobre BC
Por Bruno Federowski
O
dólar recuou mais de 1 por cento sobre o real nesta terça-feira, dia
marcado por forte volatilidade, oscilando ao sabor de especulações sobre
a possibilidade de o Banco Central atuar no mercado à vista e reagindo
com alívio aos números melhores que o esperado sobre as contas públicas
brasileiras.
O dólar recuou
1,23 por cento, a 4,0591 reais na venda. Na mínima deste pregão, o dólar
chegou a cair 2,37 por cento, a 4,0123 reais, e na máxima, subiu 1,11
por cento, a 4,1551 reais.
"O debate sobre o uso de reservas (internacionais pelo BC) está intenso nas mesas", disse o gestor de um banco internacional.
O
BC reforçou sua intervenção nos últimos dias com leilões de novos swaps
cambiais e de venda de dólares com compromisso de recompra, mas não
atuou até agora no mercado à vista.
Operadores
acreditam que o BC não quer mexer nas reservas internacionais para
evitar mais rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, apesar da
volatilidade recente e da alta do dólar, que tende a pressionar a
inflação ao encarecer importados.
Na
semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que
"todos os instrumentos estão à disposição do BC". Segundo operadores,
parte do mercado tentava pressionar a autoridade monetária a usar as
reservas para favorecer suas posições, em busca de ganhos financeiros, o
que corroborou a volatilidade desta sessão.
"Parece
que o mercado de câmbio brasileiro não está aceitando mais do mesmo em
relação aos leilões do BC (de swap e linha) e testa para algo mais
vigoroso", escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz
Rugik em nota a clientes.
O
BC vendeu nesta manhã a oferta total de até 20 mil novos swaps cambiais,
que equivalem a venda futura de dólares e realizou leilão de venda de
até 2 bilhões de dólares com compromisso de recompra.
Também
vendeu parcialmente a oferta de swaps para rolagem dos contratos que
vencem em outubro, mas anunciou outro leilão para o dia seguinte com os
contratos remanescentes. Se vender a oferta de até 3,55 mil swaps,
rolará quase integralmente o lote do mês que vem, equivalente a 9,458
bilhões de dólares, como fez com o lote anterior.
Também
contribuiu para a queda do dólar nesta sessão o déficit primário de
5,081 bilhões de reais registrado pelo governo central em agosto, que
surpreendeu positivamente os agentes do mercado.
O
reequilíbrio das contas públicas é a principal meta do governo em sua
missão de evitar que o Brasil perca seu selo de bom pagador com outras
agências além da Standard & Poor's.
"O
resultado fiscal de agosto superou as expectativas. A notícia, no
entanto, não altera nossas perspectivas de não cumprimento da meta de
superávit para o governo central neste ano", escreveram economistas do
banco Fator, que projetavam déficit de 10,945 bilhões de reais em
agosto, em relatório.
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