A reforma ministerial também tornou Dilma Rousseff mais dependente do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nos últimos dias comandou
as articulações internamente no PT e com os aliados. Foi ele quem pediu a
deputados e senadores do PT que tomem cuidado com o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompido com o governo e com inquérito
aberto no Supremo Tribunal Federal, e não solicitem o afastamento dele
do cargo. Na quinta-feira, um dia antes do anúncio da reforma, Lula
conversou com um grupo de parlamentares, em Brasília, e cobrou a
blindagem de Dilma no Congresso.
Com mais influência no
governo, ele também aconselhou o novo ministro da Casa Civil, Jaques
Wagner, a chamar a oposição para conversar. Wagner é considerado mais
habilidoso do que Aloizio Mercadante, que na Casa Civil comprou briga
com o PMDB e até com petistas e voltou para o Ministério da Educação por
insistência do ex-presidente. Em nove meses de gestão, o governo que
tem o lema “Pátria Educadora” já abriga o terceiro titular da pasta. “O
Plano Nacional de Educação é muito bom, mas ninguém conhece”, reclamou
Lula, em conversa com Dilma e ministros do PT.
"O ajuste
fiscal é um remédio amargo. Tomar remédio amargo tudo bem, mas a
pergunta é: vai sarar? Então a gente precisa construir uma agenda
positiva depois dessa reforma.”
Vetos. Para o
líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), o partido vai ajudar
Dilma a governar e manterá os vetos da presidente, na votação de
terça-feira, às propostas que aumentam despesas do governo. Nessa lista
estão o reajuste aos servidores do Judiciário, com impacto de R$ 36
bilhões até 2019, e a extensão do aumento do salário mínimo a todos os
aposentados.
“Com a reforma, a bancada do PMDB na Câmara se sente
mais confortável. O PMDB é o maior partido da coalizão e temos agora o
espaço adequado à nossa representação no Congresso”, resumiu Picciani.
Dois ministérios ficaram com deputados da sigla: Saúde e Ciência e
Tecnologia. O PT, por sua vez, viu seu número de pastas diminuir de 13
para 9.
“Esse redesenho da Esplanada será muito importante para a
aprovação de projetos fundamentais para recuperar a economia”,
argumentou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Ao ser
questionado sobre o corte dos ministérios do partido, ele respondeu:
“Vão-se os anéis. Ficam os dedos.”
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