O ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no STF,
rejeitou um pedido da defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) para retirá-lo da prisão, onde se encontra desde outubro por
ordem do juiz Sérgio Moro, e citou indiretamente o episódio em que ele
tentou, por meio de perguntas feitas por advogados, intimidar o
presidente Michel Temer.
A decisão de Fachin de recusar o pedido da defesa de Cunha
apresentado para se opor a outra decisão contrária ao ex-deputado no
Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi tornada pública nesta
sexta-feira. O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal disse
que, após a decisão anterior do STJ, o ex-deputado foi condenado.
Na
semana passada, Sérgio Moro condenou Cunha --um dos principais
articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no
Congresso-- a 15 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e evasão de divisas.
O ministro do STF também citou para
justificar a manutenção dele na cadeia o fato registrado pelo juiz
Sérgio Moro de que ele tentou constranger Temer com perguntas para que o
presidente supostamente agisse em favor dele. Temer havia sido arrolado
como testemunha de defesa de Cunha. Esses questionamentos foram
desconsideradas pelo condutor da Lava Jato na primeira instância em
decisão de fevereiro.
"Além disso, impende salientar que a
sentença empregou fundamentos diversos do decreto segregatório,
notadamente a cogitada realização de intimidações mediante o abuso do
direito de defesa", afirmou Fachin, que citou o episódio sem mencionar
diretamente Temer.
Fachin entendeu que não é possível, por meio do
recurso de habeas corpus contra um decreto de prisão preventiva,
superar a condenação judicial e decidiu arquivar o recurso.
É a segunda decisão este ano do STF desfavorável a Cunha. Em fevereiro, o plenário do tribunal recusou revogar a prisão dele.
O
Palácio do Planalto teme que Cunha, caso continue preso, faça uma
delação premiada que possa implicar integrantes do governo e o próprio
presidente Michel Temer, de quem já foi aliado político.
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