A principal aposta do governo para colocar a economia brasileira nos trilhos de uma maneira sustentável seria rejeitada por 240 deputados, mesmo com a opção de suavizar o texto. São 35 votos a mais do que o número máximo de contras permitido para que o texto seja aprovado - são necessários 308 votos a favor, o equivalente a três quintos dos 513 deputados.
Até o momento, o Estado ouviu 425 deputados, 83% da Câmara. Apenas 20
disseram que são favoráveis ao texto da forma como foi enviado pelo
governo. Ao todo, 96 parlamentares afirmaram estarem dispostos a aprovar
a reforma da Previdência, desde que pontos-chave sejam alterados. O
Placar da Previdência será atualizado online no portal Estadão.
"Coração"
da proposta, a fixação da idade mínima de 65 anos para se aposentar no
Brasil é rejeitada pelos deputados. Hoje, quem não consegue se aposentar
por tempo de contribuição acaba se aposentando por idade, que exige
idade mínima de 60 anos para mulheres e 65 para homens, além de
contribuição ao INSS por 15 anos. Se a mudança proposta pelo governo for
aprovada, será obrigatório alcançar 25 anos de contribuição, mesmo que
isso signifique trabalhar além dos 65 anos de idade.
Dos 96 que se
mostraram favoráveis à reforma, ainda que com ressalvas, 69 deputados
disseram ser favoráveis a uma idade menor para as mulheres e 54
defenderam uma exigência menor para os homens.
Os
deputados querem afrouxar também a exigência de 49 anos de contribuição
para ter direito ao benefício integral acima do salário mínimo (76
deputados querem suavizar essa regra). Com 25 anos de contribuição e 65
anos de idade, o trabalhador terá direito a apenas 76% do benefício se o
projeto do governo passar.
Para aprovar a reforma, 73 deputados
querem uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e
mulheres com menos de 45 anos, que só se aposentarão com 65 anos, caso o
texto do governo for aprovado. A proposta cria uma regra de transição
apenas para homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 ou mais. Para
se aposentar, o governo propõe que essas pessoas paguem pedágio de 50%
do tempo de contribuição restante.
O Estado priorizou esses pontos
porque são considerados os mais importantes pela equipe econômica para
não desconfigurar o texto enviado. Muitos deputados, porém, fazem
questão de ressaltar que também querem outras mudanças. Eles querem
abrandar as exigências para a concessão da aposentadoria rural e do
benefício assistencial pago a idosos e deficientes da baixa renda.
Também não concordam com a proibição de se acumular aposentadoria e
pensão, desde que respeitado o teto do INSS. O governo já sinalizou que
está aberto a negociar esses pontos. A bancada do PSDB na Câmara, por
exemplo, fechou questão e afirma que só aprovará a reforma se esses
itens forem modificados juntamente com a regra de transição.
O
Estado não conseguiu contato com 88 deputados. Outros 52 não quiserem
responder e 32 se declararam indecisos. Quatro disseram que vão se
abster.
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