O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Edson Fachin, homologou nesta terça-feira os acordos de delação
premiada firmados pelos ex-marqueteiro das campanhas presidenciais de
Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2006, pela mulher dele, Mônica Moura, e pelo funcionário do
casal André Santana.
Foi o vice-procurador-geral Eleitoral,
Nicolao Dino, quem revelou mais cedo que o ex-marqueteiro dos petistas,
sua mulher e um auxiliar deles havia firmado um acordo de delação
premiada com a Procuradoria-Geral da República.
A informação de
Dino foi dita durante o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
sobre se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico
nas últimas eleições gerais.
O representante do Ministério
Público Federal no TSE argumentou da necessidade de ouvir o trio na ação
que poderá levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer e da
inelegibilidade de Dilma Rousseff, que deixou o comando do país
definitivamente no final de agosto do ano passado após sofrer um
processo de impeachment.
“Se afigura não menos importante que se
inquiram também o senhor João Santana, a senhora Mônica Moura e também o
senhor André Santana. Digo isso, diante da recentíssima notícia de que
as pessoas agora nominadas celebraram acordo de colaboração premiada com
a Procuradoria-Geral da República, acordo este que se encontra
submetido ao Supremo Tribunal Federal (STF)”, disse Dino, que durante a
sessão do TSE substituiu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
também procurador-geral eleitoral.
Com a decisão de Fachin, que
em termos práticos valida a assinatura do acordo, os autos retornam do
STF para a Procuradoria-Geral da República, a quem caberá decidir se vai
requisitar diligências como produção de provas e instauração de
abertura de investigação criminal.
João Santana e Mônica Moura
foram presos em agosto do ano passado, após a deflagração da 23ª fase da
operação Lava Jato. Deixaram pouco depois a prisão após pagar fiança,
mas em fevereiro passado foram condenados pelo juiz Sérgio Moro,
responsável pela Lava Jato na primeira instância, pelo crime de lavagem
de dinheiro.
O depoimento do trio e mais do ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega --citado em delações de executivos da Odebrecht--
foi um dos motivos do adiamento do julgamento do TSE na sessão desta
terça-feira.
As oitivas serão marcadas pelo relator do processo
sobre a chapa Dilma-Temer, ministro Herman Benjamin, que concordou em
reabrir o prazo para a tomada desses depoimentos e, ato contínuo, ainda
conceder um novo prazo, desta vez de cinco dias, para que as partes do
processo apresentem novas alegações finais.
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