A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu incluir
no processo em que o petista é acusado de ser o proprietário de um
apartamento triplex no Guarujá (SP) a sentença de absolvição da juíza
Maria Priscila Ernandes Veiga de Oliveira, da 4.ª Vara Criminal de São
Paulo, de todos os denunciados pelo Ministério Público por supostamente
cometerem crime de estelionato em quatro grandes empreendimentos da
Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), entre
eles o Condomínio Solaris, onde fica o famoso triplex. A juíza rechaçou
a acusação que pesava contra os denunciados de lesão a cooperados à
espera da casa própria construída pela Bancoop e de transferência ilegal
de imóveis para a OAS.
Entre
os absolvidos estão o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o
ex-presidente da empreiteira OAS José Aldemário Pinheiro Neto, o Leo
Pinheiro, que depõe nesta quinta-feira, 20, na Justiça Federal e tenta
uma delação premiada. Vaccari e Leo Pinheiro, no entanto, foram
condenados a 41 anos e 26 anos de prisão, respectivamente, em outros
processos.
Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em janeiro, faziam
parte da lista de denunciados, mas seus casos foram transferidos para a
13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a cargo do juiz Sérgio Moro. No
dia 3 de maio Lula será interrogado por Moro justamente sobre o caso do
triplex no Guarujá.
"Se o ex-presidente tivesse sido julgado em
São Paulo ele teria sido sumariamente absolvido como todos os outros
réus", disse o advogado do petista, Cristiano Zanin Martins.
O
advogado evitou comentar se o teor da sentença da juíza de São Paulo
fortalece o ex-presidente para a audiência com Moro no dia 3, tratada
politicamente como um embate entre o petista e o juiz federal.
Além
disso, a defesa de Lula anexou ao processo documento assinado pelo
próprio Léo Pinheiro no qual o triplex é hipotecado pela OAS no dia 3 de
novembro de 2009. Segundo os advogados do ex-presidente, o documento
reforça a tese de que Lula não é dono do apartamento já que, segundo o
Ministério Público Federal, o petista teria tomado posse do imóvel por
volta do dia 8 de outubro do mesmo ano. "Estes fatos novos deixam ainda
mais evidente que a denúncia é improcedente", disse o advogado.
A
Promotoria e o Ministério Público Federal sustentam que o triplex
pertencem a Lula, o que é negado taxativamente por sua defesa. Os
promotores Cassio Roberto Conserino, José Carlos Blat e Fernando
Henrique de Moraes Araújo incluíram como réus o ex-presidente Lula, sua
mulher Marisa Letícia e um filho do casal, Fábio Luiz Lula da Silva. Em
março de 2016, os promotores chegaram a pedir a prisão do petista, do
ex-tesoureiro do partido, do empreiteiro e de outros dois investigados
do caso Bancoop.
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