Enviada pelo Palácio do Planalto em 5 de dezembro de
2016, a reforma da Previdência dá mais um passo nesta terça-feira (18). O
relator da Proposta de Emenda à Constituição 287/2016, deputado Arthur Maia (DEM-BA) apresenta o parecer na comissão especial sobre o tema na tarde de hoje.
Pela
manhã, será a vez da base aliada conhecer o texto, em uma reunião no
Palácio da Alvorada. Às 14h, o colegiado inicia a análise do relatório.
Cabem pedidos de vista, o que adia a votação.
Nesse caso, a expectativa do presidente da comissão, deputado Carlos Marun
(PMDB-MS) é que o colegiado vote o texto no próximo dia 28. Dessa
forma, a proposta seria apreciada no plenário até a segunda semana de
maio. Lá, são necessários 308 votos para que a PEC siga para o Senado.
O presidente Michel Temer
se reuniu neste domingo com ministros e parlamentares envolvidos para
acertar detalhes finais do projeto. O encontro serviu também para
sinalizar que, na avaliação do governo, as delações da Odebrecht não
irão impactar no calendário da reforma.
Na última terça-feira (11), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, autorizou investigações
contra oito ministros de Estado, três governadores, 24 senadores, 41
deputados federais e um ministro do Tribunal de Contas da União, com
base nas delações da Odebrecht.
Arthur Maia é acusado de receber
R$ 200 mil via caixa 2 para a campanha eleitoral de 2010. O deputado
afirma que todas as doações "estão de acordo com a lei e devidamente
declaradas e aprovadas pelo TRE-BA".
Nas últimas semanas,
parlamentares à frente da reforma fizeram uma maratona de reuniões com o
presidente e com a equipe econômica, incluindo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o Secretário da Previdência, Marcelo Caetano, para acertar o texto final.
O
objetivo das flexibilizações é garantir a aprovação da medida,
considerada um teste de peso para o governo Temer. Nesta segunda-feira
(17), Meirelles reforçou a defesa da reforma.
A reforma não é uma questão de preferência ou de opinião, é uma questão de necessidade matemática, financeira, fiscal. Se o país não fizer uma reforma no devido tempo, em primeiro lugar as taxas de juros brasileiras, ao invés de cair, vão voltar a subir fortemente, vão faltar recursos para o financiamento do consumo, do investimento, o desemprego voltará a crescer e, ao mesmo tempo, teremos a inflação de volta.
Confira o que ficou decidido:
Idade mínima:
considerado ponto central da reforma, será de 65 anos, com 25 anos de
contruibuição. Por enquanto, relator e Planalto discordam de diferenciar
homens e mulheres. Uma proposta discutida seria 62 anos para elas ou um
modelo de transição gradual até que a idade mínima dos dois gêneros se
equiparasse.
Regra de transição: texto original
estabelecia que homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 anos ou
mais deverão cumprir um tipo de pedágio equivalente a 50% do tempo que
faltaria para atingir o tempo de contribuição exigido, na data da
promulgação da emenda. Governo negociou transição a partir dos 50 para
elas e 55 para eles.
Como será o cálculo: o
benefício será calculado com base na média dos salários de contribuição e
será aplicada uma taxa de 51% sobre a média histórica das
contribuições, acrescentando-se um ponto percentual para cada ano de
contribuição por ano contribuído.Por exemplo, um brasileiro com 65 anos e
28 anos de contribuição receberá 79% do total da média de contribuições
(51+28=79).
Valor máximo: para receber o valor
máximo de aposentadoria, seriam necessários 49 anos de contribuição. A
expectativa é de um afrouxamento para 40 anos, porém o cálculo do valor
deve mudar. A base seria a média de todas as contribuições do
trabalhador, em vez das 80% maiores contribuições.
Acúmulo de benefícios:
proposta original vedava, após pressão de parlamentares, Planalto
passou a defender limite de até dois salários mínimos. Outra
possibilidade é acumular até o teto do INSS (R$ 5.531,31).
Professores e policiais:
idade mínima para professores e policiais civis e federais será de 60
anos. Além disso, servidores públicos estaduais e municipais foram
poupados da reforma. Caberá aos governos locais estabelecer novas
regras.
Parlamentares: novas regras vão valer
apenas para os próximos eleitos. Os atuais terão de definir mudanças por
meio de outra proposta. Até lá, continua a idade mínima de 60 anos e 35
anos de contribuição para eles.
Salário mínimo:
proposta original previa que a pensão por morte seria de 50% do valor da
aposentadoria que o segurado recebia mais 10% para cada dependente.
Relator deve garantir que benefício tenha salário mínimo como piso.
Benefício para idosos e deficientes: Governo
propôs que o Benefício de Prestação Continuada (BPC) fosse desvinculado
do salário mínimo e pago a idosos apenas após os 70 anos. Relator deve
adotar 68 anos para os que têm renda familiar de até 25% do salário
mínimo por pessoa e manter salário mínimo.
Trabalhadores rurais:
contribuição deverá ser de 5%. Percentual para outros trabalhadores
varia entre 8% e 11%. Idade mínima de 65 anos e 25 anos de contribuição
também irão valer para categoria. Hoje, eles têm acesso ao benefício ao
atingirem a idade mínima de 55 anos (mulheres) e 60 anos (homens) se
comprovarem terem exercido atividades no campo, mesmo não contribuindo
com a Previdência.
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