domingo, 16 de abril de 2017

Delator entrega contas de supostos repasses a Serra na Suíça




Delator entrega contas de supostos repasses a Serra na Suíça: Senador recebeu euros para campanha de 2010 à Presidência da República © Susana Vera / Reuters Senador recebeu euros para campanha de 2010 à Presidência da República 
 
Um dos delatores da Odebrecht, ex-superintendente da empreiteira em São Paulo, entregou ao Ministério Público Federal os números das contas e os nomes dos bancos que, segundo ele, foram usados para transferir euros no exterior para a campanha do senador José Serra (PSDB) à Presidência em 2010.

Segundo Carlos Armando Paschoal, conhecido como CAP, os intermediários dos pagamentos a Serra foram duas pessoas próximas ao tucano: primeiro Márcio Fortes, ex-tesoureiro do PSDB, que recebia em reais no Brasil, e depois o empresário Ronaldo Cezar Coelho, que utilizou contas na Suíça.

O depoimento de CAP foi corroborado por outros, como o de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, e parte de seu teor foi adiantada pela Folha de S.Paulo, que revelou que a empreiteira delatou repasses de R$ 23 milhões a Serra.

Os pagamentos aconteceram, ainda segundo o delator e os papéis apresentados, entre 2009 e 2010, em troca de o governo de São Paulo ter pago a uma das empresas do grupo Odebrecht R$ 191,6 milhões que haviam ficado pendentes de obra na rodovia Governador Carvalho Pinto.

O débito do Estado com a Odebrecht já vinha se arrastando na Justiça havia cerca de oito anos, ainda segundo o delator, e poderia ter continuado sub judice, mas o governo paulista fez acordo com a empreiteira em troca dos repasses para o PSDB.

Além de entregar aos investigadores da Lava Jato dados relativos às contas usadas na Suíça indicadas por Ronaldo Cezar Coelho -como o código "swift", usado em transferências para o exterior-, o delator apresentou e-mails internos da Odebrecht que tratam dos pagamentos e deu detalhes de encontros os supostos prepostos de Serra que poderão ser confirmados.

Pelos relatos, os encontros com Fortes foram em 2009, no gabinete dele, quando ele presidia a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.). Já com Cezar Coelho foram duas vezes no escritório do empresário em Ipanema, no Rio.

"Ele [Fortes] tinha alguns prepostos que ele me dizia, me dava o interesse de um hotel e o nome da pessoa, eu passava a senha para ele", disse CAP sobre pagamentos.

Sobre as contas supostamente indicadas por Cezar Coelho, o delator disse: "Nos dados de corroboração nós estamos indicando o banco, o 'swift', para não ter dúvida."

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