O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (16), em
cerimônia no Palácio do Planalto, a reforma do ensino médio. Durante o
evento, o presidente disse que, a exemplo das outras reformas que estão
sendo tocadas pelo governo, a reformulação do ensino médio só foi
possível graças à ousadia do governo, no sentido de encarar a polêmica
que cerca os temas relevantes para o país.
Segundo ele, a
sanção da MP representa um “momento revelador de nosso governo com
ousadias responsáveis e necessárias para que o país possa crescer e
prosperar”. Temer acrescentou que as discussões em torno da matéria
acabaram por aperfeiçoá-la. “Temos enviado propostas que geram saudável
polêmica. A polêmica, crítica portanto, gera aperfeiçoamento. Certa e
seguramente, algumas modificações feitas pelo Congresso Nacional foram
feitas pela sociedade. Acabou então saindo uma coisa consensual”, disse o
presidente .
“Estamos ousando. Quem ousaria fazer um teto para os
gastos públicos? Seria muito fácil o presidente chegar e gastar à
vontade sem se preocupar com as reformas fundamentais, ou seja com o
país no futuro. Não estamos fazendo isso. Propor o teto foi uma ousadia
muito bem sucedida. Agora a do ensino médio”, acrescentou.
Em seu
discurso, o ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que a MP
representa “a mais estrutural mudança na educação pública do Brasil”,
que demorou mais de 20 anos para ser implementada. “Debate houve [ao
longo desse período]. O que não existia na prática era vontade e decisão
política de fazer avançar”, disse ele ao lembrar que há no país 2
milhões de jovens excluídos da educação, em um total de 8 milhões. "É
consensual, no meio, a necessidade de mudanças”, acrescentou.
“A
escola do ensino médio era estática, com 13 disciplinas obrigatórias. [O
aluno] tem de assimilar aquele conteúdo de forma similar e igual para
todos, como que cada um tivesse um perfil igual ao outro”, acrescentou o
ministro.
Mudanças
Aprovada na última
semana pelo Senado, a nova legislação prevê, entre os principais pontos,
que o currículo deve ser 60% preenchido pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Os 40% restantes serão destinados aos chamados
itinerários formativos, em que o estudante poderá escolher entre cinco
áreas de estudo: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências
humanas e formação técnica e profissional. O projeto prevê que os alunos
poderão escolher a área na qual vão se aprofundar já no início do
ensino médio.
As escolas não são obrigadas a oferecer aos alunos
todas as cinco áreas, mas deverão oferecer ao menos um dos itinerários
formativos. Durante a tramitação na Câmara, o projeto retomou a
obrigatoriedade das disciplinas de educação física, arte, sociologia e
filosofia na Base Nacional Comum Curricular, até então fora do texto
original.
A proposta apresenta também uma meta de ampliação da
carga horária para pelo menos mil horas anuais e, posteriormente, chegar
a 1.400 horas para as escolas do ensino médio. Elas devem ampliar a
carga horária para 5 horas diárias - atualmente a obrigação é 4 horas
diárias. A intenção é que progressivamente ampliem a carga horária para 7
horas diárias, para ofertar educação em tempo integral. Para viabilizar
essa ampliação, será disponibilizado apoio financeiro do governo
federal.
Outra mudança importante foi a permissão para que
profissionais com notório saber, mas sem formação acadêmica específica,
possam dar aulas no ensino técnico e profissional. Com isso, um
engenheiro, por exemplo, poderá dar aulas de matemática ou física.
Sancionada
a MP, o próximo passo a ser dado é a implantação da Base Nacional Comum
Curricular que, atualmente, está sendo elaborada por um comitê
presidido pelo Ministério da Educação.
O presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed), Fred Amâncio, destacou o
fato de a reforma ajudar a tornar a escola mais atrativa aos estudantes
brasileiros. Segundo ele, a flexibilidade do ensino médio está alinhada
também com o Plano Nacional de Educação, que apresenta metas para a
melhoria do sistema educacional brasileiro.
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