A acusação de peculato contra o presidente do Senado brasileiro teve
forte repercussão na imprensa internacional. Vários jornais deram
destaque para o processo visando Renan Calheiros (PMDB-AL), que é
apresentado como um aliado do presidente Michel Temer.
Com o título “presidente do Senado do Brasil é acusado de desviar dinheiro público”, o jornal espanhol El Mundo explica que a crise brasileira,
“alimentada nos últimos meses por uma turbulenta mudança de governo e
intermináveis escândalos de corrupção”, entra em uma nova fase com o
processo contra Calheiros, anunciado na quinta-feira (1°).
O assunto também foi destaque no jornal argentino El Clarín, que relata que o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia do Ministério Público. Enquanto o francês Le Figaro
explica o caso e lembra que o presidente do Senado é envolvido em onze
investigações por corrupção, das quais oito estão ligadas ao pagamento
ilegal de comissões pela Petrobras. Para o diário conservador francês, o
processo “arranha ainda mais a imagem de um governo impopular e pode
agravar as relações já tensas entre a justiça e o Congresso”.
A revista francesaLe Point lembra que Calheiros é “o terceiro homem mais importante do Estado”, e que essa acusação representa “um golpe duro para Michel Temer”. Porém, segundo Le Figaro, as consequências do caso para o presidente “devem ser limitadas” e, apesar da acusação, Calheiros conserva seu cargo.
Segundo na linha de sucessão de Temer
El Mundo
também ressalta o fato de o presidente do Senado ser o segundo nome na
linha de sucessão do chefe de Estado, depois do deputado Rodrigo Maia
(DEM-RJ), na Câmara. O correspondente do jornal espanhol no Rio de
Janeiro ironiza, dizendo que é pouco provável que Temer e Maia decidam
viajar juntos para o exterior nos próximos meses. Afinal, lembra o
jornalista, isso significaria que temporariamente “o presidente interino
do maior país da América Latina seria um homem acusado de desvio de
dinheiro público”.
O assunto também destaque nas páginas do Wall Street Journal.
Para o veículo, o episódio se adiciona a um “clima já toxico” que o
país vive, com o governo tentando impor medidas impopulares de
austeridade para “terminar com anos de contração econômica” no Brasil.
Já o New York Times diz que o caso faz parte do contexto de paranoia que tomou conta da vida política brasileira, “regida por escândalos”.
Wall Street Journal
completa dizendo que “os esforços dos legisladores para se protegerem
enfureceram muitos brasileiros”, e que protestos anticorrupção estão
programados em cerca de 100 cidades do país no próximo domingo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário