A Polícia Federal enviou para o STF (Supremo Tribunal Federal)
as gravações feitas por Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura, no caso
do prédio em Salvador que era de interesse do ex-ministro Geddel Vieira
Lima.
Segundo a Folha apurou, a PF fez uma análise do material
para saber se os registros eram audíveis e se sofreram alguma edição, e o
encaminhou ao Supremo na manhã desta terça-feira (29).
O material
conta com gravações de conversas com autoridades em ligações
telefônicas. Os registros foram feitos por Calero com um gravador
digital, também entregue à PF.
O ex-ministro da Cultura, em
depoimento à PF no último dia 19, afirmou que sofreu pressão e foi
"enquadrado" pelo presidente Michel Temer para resolver a situação do
prédio embargado, que não estava boa para Geddel.
Nesta segunda
(28), a PGR (Procuradoria-Geral da República) requisitou oficialmente à
PF o encaminhamento dos áudios, com o argumento de que teria de ter em
mãos todos os elementos probatórios para decidir se pede ao STF a
abertura de um inquérito sobre políticos com foro privilegiado.
No
material, há uma ligação protocolar de Calero com Temer e conversas com
o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Gustavo Rocha, assessor
jurídico da Presidência da República, também fez telefonemas para o
ex-ministro da Cultura para dar orientações sobre o que fazer no caso.
O
STF deve encaminhar os áudios à PGR, a quem compete pedir à corte
autorização para instaurar inquérito sobre autoridades com foro
privilegiado -no caso, Padilha e Temer.
O CASO
Calero,
que se demitiu na semana retrasada, disse ter sido pressionado pelo
então ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) a rever um
parecer do Iphan (instituto do patrimônio histórico) nacional que
proibiu a construção do edifício La Vue Ladeira da Barra, onde Geddel
diz ter comprado um apartamento.
Em meio à crise gerada pelo caso,
Geddel também deixou o governo. Com isso, ele perdeu o foro
privilegiado -um eventual inquérito sobre ele tramitaria em primeira
instância, não no Supremo.
Além de ter acusado Geddel, o
ex-ministro da Cultura afirmou ter sido "enquadrado" pelo presidente
Temer e procurado pelo ministro Padilha, da Casa Civil. Ambos negam ter
pressionado Calero para beneficiar Geddel.
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