Os colegas do juiz
Sérgio Moro, da Lava Jato, divulgaram nesta sexta-feira, 18, documento
em que 'manifestam preocupação com os ataques que vêm sendo dirigidos ao
Poder Judiciário'.
Os juízes federais afirmam que
'não se calarão diante das tentativas inidôneas de atingir as
prerrogativas funcionais que asseguram à sociedade um Poder Judiciário
independente e imparcial'.
Em Carta da sua Assembleia
Geral, a Associação dos Juízes Federais - principal e mais influente
entidade desde segmento da toga, presidida por Roberto Veloso - afirma
que 'os ataques se iniciaram, em especial após a atuação institucional
de magistrados em inquéritos policiais e ações penais cujos indiciados e
réus possuem grande expressão política e/ou econômica'.A reação dos
juízes ocorreu simultaneamente à iniciativa dos advogados do
ex-presidente Lula que, também nesta sexta, 18, protocolaram
queixa-crime contra Moro no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. A
defesa do petista atribui ao juiz da Lava Jato 'abuso de autoridade'.
A
Carta da Assembleia Geral da entidade dos magistrados federais não cita
nomes, nem faz referência ao processo de Lula contra Moro.O documento
diz que indiciados e réus 'até há pouco em nosso País se esquivavam a
responder pela prática por seus atos em contrariedade à lei e ao
ordenamento jurídico em geral, beneficiando-se, dessa forma, de um
ambiente de corrupção endêmica'."Ilícitos cometidos por integrantes de
quaisquer dos três poderes devem ser rechaçados, investigados e
punidos", diz o texto dos juízes. "
Contudo, soa
inoportuna, e até intimidatória, a proposta de projetos de lei buscando
criminalizar a atuação dos juízes justamente quando a atuação do
Judiciário tem sido mais efetiva no processamento dos feitos que têm por
objeto atos de corrupção."Inquieta a toga o projeto que tipifica como
abuso de autoridade 'a mera interpretação da lei e que prevê a punição
dos juízes por crimes de responsabilidade'."São tentativas claras de
ferir a independência funcional dos magistrados, tendo como fim
amedrontar os responsáveis pela condução de investigações notoriamente
bem sucedidas, como a operação Lava Jato, Acrônimo, Zelotes, entre
outras.
""A atual crise institucional e financeira
por que passa o nosso País somente será debelada se encarada como uma
oportunidade para profundas reformas norteadas pelos princípios
republicanos, especialmente o de que todos são iguais perante a lei,
princípio este incompatível com o foro por prerrogativa de função da
forma como está hoje instituído", assinala a Carta.
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