O ex-presidente Lula decidiu processar o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro.
Nesta
sexta-feira, 18, os advogados do petista, da mulher dele, Letícia, e
dos filhos, ingressaram no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região
(TRF4), em Porto Alegre, com 'queixa-crime subsidiária contra o agente
público federal Sérgio Fernando Moro, em virtude da prática de abuso de autoridade'.
A
defesa de Lula pede a condenação de Moro nas penas previstas no artigo
6.º. da Lei 4.898/65, 'que pune o abuso de autoridade com detenção de
dez dias a seis meses, além de outras sanções civis e administrativas,
inclusive a suspensão do cargo e até mesmo a demissão'.Lula é réu de
Moro em ação penal sobre o apartamento triplex no Guarujá. A
Procuradoria da República afirma que o petista recebeu R$ 3,7 milhões em
propinas da OAS.DOCUMENTO:
Segundo
a queixa-crime, em 16 de junho, Lula e seus familiares protocolaram na
Procuradoria Geral da Republica uma representação, de acordo com o
artigo 2.º. da Lei 4.898/65, 'pedindo providências em relação a fatos
penalmente relevantes praticados pelo citado agente público no exercício
do cargo de juiz da 13.ª. Vara Federal Criminal de Curitiba.
'A
defesa de Lula atribuiu a Moro fatos que, segundo ela, configura o
abuso - a condução coercitiva do ex-presidente, para prestar depoimento
na Polícia Federal, em março, 'privando-o de seu direito de liberdade
por aproximadamente seis horas'; a busca e apreensão de bens e
documentos de Lula e de seus familiares, nas suas respectivas
residências e domicílios e, ainda, nos escritórios do ex-presidente e de
dois dos seus filhos, 'diligências ampla e estrepitosamente divulgadas
pela mídia'; e, ainda, a interceptação das comunicações 'levadas a
efeito através dos terminais telefônicos utilizados pelo ex-presidente,
seus familiares, colaboradores e até mesmo de alguns de seus advogados,
com posterior e ampla divulgação do conteúdo dos diálogos para a
imprensa'.
A iniciativa do ex-presidente ocorre em
meio ao acirramento de tensões entre o Legislativo e o Judiciário, com
deputados e senadores articulando medidas em retaliação ao avanço das
investigações da Lava Jato que atingem em cheio parlamentares dos
principais partidos do País, inclusive o presidente do Senado Renan
Calheiros (PMDB-AL), alvo de onze inquéritos no Supremo Tribunal
Federal.Na quarta-feira, 16, Renan acelerou a tramitação do projeto que
modifica a lei de abuso de autoridade, abrindo brecha para flexibilizar
os critérios de punição de policiais e procuradores envolvidos em
investigações.
A expectativa é que a proposta seja
votada já no plenário no próximo dia 6.Além disso, no último dia 10 ele
instaurou uma comissão especial no Senado para analisar os holerites
acima do teto constitucional - cujo limite é definido pelo subsídio dos
ministros do Supremo Tribunal Federal - no Judiciário, Legislativo e
Executivo.
Em outra frente, na Câmara dos Deputados,
os parlamentares discutem incluir na votação do pacote de 10 Medidas
Contra a Corrupção a possibilidade de punir juízes e membros do
Ministério Público por crimes de responsabilidade. Além disso, os
deputados articulam uma brecha para a anistia ao caixa 2.
'Ilegalidade'.
Enquanto isso, os advogados de Lula, que vem afirmando que seu cliente
estaria sendo alvo de uma perseguição, alegam que "a ilegalidade e a
gravidade dessa divulgação das conversas interceptadas foi reconhecida
pelo Supremo Tribunal Federal, por meio de decisão proferida nos autos
da Reclamação 23.457", assinalam os advogados de Lula."Até a presente
data, nenhuma providência foi tomada pelo Ministério Publico Federal
após a citada representação.
Essa situação está
documentada em ata notarial lavrada pelo notário Marco Antonio Barreto
De Azeredo Bastos Junior, do 1.º Ofício de Notas e Protesto de Brasília,
Distrito Federal, que acompanhou advogados de Lula e seus familiares em
diligências específicas para a obtenção de informações sobre a
mencionada representação.
""Diante disso, o artigo 16
da Lei 4.898/65 autoriza que a vítima de abuso de autoridade, no caso
Lula e seus familiares, possa propor diretamente a ação penal por meio
de peça denominada 'queixa-crime subsidiaria', tal como a que foi
protocolada nesta data perante o Tribunal Regional Federal da 4.ª
Região, que tem competência originária para conhecer e julgar ações
penais contra agente público investido nas funções de juiz federal na
circunscrição de Curitiba", diz texto divulgado pela assessoria de
imprensa do escritório Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira..
"Após
expor todos os fatos que configuram abuso de autoridade, a petição pede
que o agente público Sérgio Fernando Moro seja condenado nas penas
previstas no artigo 6.º. da Lei 4.898/65, que pune o abuso de autoridade
com detenção de dez dias a seis meses, além de outras sanções civis e
administrativas, inclusive a suspensão do cargo e até mesmo a demissão",
alegam os advogados de Lula.
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