O coordenador da equipe de procuradores da Operação Lava Jato
Deltan Dallagnol afirmou que os congressistas ameaçados pelas
investigações do caso são aqueles que estão atuando na Câmara dos
Deputados para aprovar leis prejudiciais à operação e ao combate contra a
corrupção.
Em entrevista à TV Folha na tarde de quinta-feira
(17), Dallagnol explicou como a força-tarefa de procuradores está
acompanhando os projetos de lei relacionados à operação e disse que as
manobras dos deputados transformaram o trabalho na Lava Jato em um "trem
fantasma".
Dallagnol é um dos mentores do conjunto de propostas
do Ministério Público Federal intitulado "Dez medidas contra a
corrupção, que se transformou em projeto de lei de iniciativa popular
após receber mais de 2 milhões de assinaturas.
Atualmente uma
comissão especial da Câmara analisa o tema, sob relatoria de Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), e deputados estão atuando para modificar o texto
original idealizado pelos procuradores da República. Segundo Dallagnol,
as tentativas de alteração ameaçam o futuro da Lava Jato.
"Muitas
pessoas que estão sendo investigadas são as pessoas que fazem a lei, e
elas podem mudar a lei para nos atacar e mudar a lei para se proteger",
disse.
De acordo com o procurador, é preciso ficar atento às
manobras dos deputados. "A gente tem sido surpreendido a cada semana com
um risco novo. Trabalhar na Lava Jato se tornou como andar em um trem
fantasma. A cada esquina você toma um susto."
Dallagnol afirmou
que a principal ameaça foi identificada na semana passada, quando
deputados se movimentaram para tentar votar em regime de urgência um
texto que poderia levar à extinção de penas e ações criminais em caso de
fechamento de acordos de delação premiada entre empresas e o Executivo.
Houve
reação da força-tarefa e os congressistas recuaram. "O filho era tão
feio que ninguém quis dizer quem era o pai daquela criança", comentou o
procurador.
"Essa movimentação não acontece às claras. Quando
ficamos sabendo tivemos que tomar um decisão rápida. Ou a gente fazia
uma [entrevista] coletiva e firmava posição, ainda sem ter muita clareza
do que estava acontecendo, ou podia simplesmente passar esse projeto
sem nossa manifestação", completou.
Dallagnol disse que o
Ministério Público tem uma equipe de assessores parlamentares que
acompanha os trabalhos no Congresso, mas a sociedade deve pressionar os
deputados enviando mensagens e usando as redes sociais para evitar as
manobras.
"Nós procuradores da Lava Jato não temos poder
econômico, não temos poder político. A nossa única defesa, o escudo que
defende a Lava Jato é a sociedade", afirmou.
O coordenador da Lava
Jato rebateu as críticas de que o Ministério Público tenha adotado a
estratégia de transformar a operação em um espetáculo midiático e que a
entrevista coletiva para divulgar a denúncia contra o ex-presidente Lula
tenha sido um exemplo dessa conduta.
"Não podemos confundir
espetacularização com transparência. O que sempre existiu nas coletivas
era uma explicação didática, inclusive com esquemas visuais. Isso não se
faz para expor ninguém, mas para prestar contas à sociedade", disse.
Com informações da Folhapress.
Nenhum comentário:
Postar um comentário