São Paulo – No despacho que determinou a prisão preventiva do ex-governador do RioSérgio Cabral (PMDB-RJ), o juiz Sergio Moro citou a “ruína das contas públicas” do estado como argumento para o encarceramento do peemedebista.
Segundo
o magistrado, seria uma afronta deixar os investigados em liberdade
diante da crise fiscal que assola o Rio de Janeiro “por conta de uma
gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e
inépcia”, escreveu.
O juiz argumenta que “enquanto não houver
rastreamento completo” da propina paga aos investigados, “há um risco de
dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação”.
De
acordo com ele, a prisão cautelar, nesse sentido, evitaria esse risco e
impediria o envolvimento dos suspeitos em outros esquemas criminosos.
“Essa
necessidade faz-se ainda mais presente diante da notória situação de
ruína das contas públicas do governo do Rio de Janeiro. Constituiria
afronta permitir que os investigados persistissem fruindo em liberdade
do produto milionário de seus crimes, inclusive com aquisição, mediante
condutas de ocultação e dissimulação, de novo patrimônio, parte em bens
de luxo, enquanto, por conta de gestão governamental aparentemente
comprometida por corrupção e inépcia, impõe-se à população daquele
Estado tamanhos sacrifícios, com aumentos de tributos e corte de
salários e de investimentos públicos e sociais. Uma versão criminosa de
governantes ricos e governados pobres”, afirmou.
Bloqueio
Moro
decretou ainda o bloqueio de R$ 10 milhões do ex-governador do Rio
Sérgio Cabral (PMDB) e de outros onze investigados, inclusive a mulher
do peemedebista, Adriana de Lourdes Ancelmo, e do escritório de
advocacia dela, o Ancelmo Advogados.
De acordo com o Ministério
Público Federal, o esquema de licitações fraudadas teria atingido
“praticamente todas as grandes obras públicas de construção
civil realizadas pelo ente público”. Em troca, empreiteiras previamente
definidas para comandar cada empreendimento pagariam 5% de propina em
cima do valor da obra mais 1% de “taxa de oxigênio”, pedida pelo então
secretário de obras, Hudson Braga.
Segundo as investigações,
Cabral cobrava uma mesada das empreiteiras, paga em dinheiro vivo. Os
valores variavam entre 200 mil e 500 mil reais. No total, a Carioca
Engenharia teria desembolsado R$ 32,5 milhões para o ex-governador e
seus supostos comparsaas. Já a Andrade Gutierrez, R$ 7,7 milhões.
Os
investigadores afirmam que há indícios de que cerca de 950 mil reais
foram pagos a Cabral por meio de lavagem de dinheiro. Os valores pagaram
até vestidos de festa para a mulher do ex-governador, que foi chamada
hoje para depor.
O MPF afirma que esses pagamentos penduraram
entre 2007 e 2014, quando Cabral renunciou ao cargo para tentar uma
cadeira no Senado Federal abrindo caminho para seu então vice e atual
governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
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