O juiz federal Sergio Moro
aceitou nesta quarta-feira nova denúncia contra o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu no escândalo do petrolão. Ao lado do ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato Duque, Dirceu responderá como réu a
acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. O irmão do petista, Luiz
Eduardo de Oliveira e Silva, também se tornou réu no processo. As
suspeitas são de que o grupo tenha cometido os crimes de corrupção
ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a
organização criminosa em um esquema de cobrança de propina de empresas
de tubos fornecedoras da Petrobras.
Segundo
as investigações, dois empresários da Apolo Tubulars, Carlos Eduardo de
Sá Baptista e Paulo Cesar Peixoto de Castro Palhares, pagaram propina
de mais de 7 milhões de reais a Renato Duque para que ele beneficiasse a
empresa em uma licitação coordenada pela Gerência de Materiais da
estatal. Na transação criminosa, na qual Dirceu também recebeu uma
parcela dos recursos, a Apolo abocanhou um contrato de fornecimento de
tubos com valor inicial de 255,8 milhões de reais, depois ampliado para
impressionantes 450,4 milhões de reais. Na operação, o MP diz que Dirceu
recebeu cerca de 2,2 milhões de reais em propina.
A
denúncia apresentada à Justiça diz respeito à 30ª fase da Operação Lava
Jato, batizada de Vício. A força-tarefa do MP afirma que as empresas
Confab Tubos S/A e a Apolo Tubos e Equipamentos, que, juntas, tinham
mais de 5 bilhões de reais em contratos com a Petrobras, pagaram valores
superiores a 40 milhões de reais em propina "para prosperar" na
estatal. Segundo os investigadores, no fim de 2009, executivos da
empresa Apolo procuraram o operador financeiro Julio Camargo, delator da
Lava Jato, e pediram orientação para ser contratados pela Petrobras. Em
vez de mostrarem sua qualificação técnica, os empresários falaram
abertamente sobre quanto em propina precisariam desembolsar.
No
despacho em que acolheu a denúncia, Sergio Moro disse que "há provas
decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores conjugados com
provas documentais e que indicam a cobrança e o pagamento da vantagem
indevida" no esquema.
Camargo
procurou o apadrinhado do PT na petroleira, Renato Duque, que abriu as
portas da empresa para mais um braço de criminosos. Além de dinheiro
vivo, a propina foi viabilizada por meio de contratos fictícios
orquestrados pelo irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva,
também condenado na Lava Jato. Os investigadores identificaram que,
quando houve um represamento dos valores a serem pagos a Dirceu, Luiz
Eduardo propôs a celebração de contratos de fachada com a empresa
Credencial Construtora, Empreendimentos e Representações Ltda, velha
conhecida da Justiça e já citada como envolvida no pagamento de 12
milhões de reais em propina de empreiteiras enroladas no petrolão.
"Falta
aparente causa econômica lícita para os pagamentos vultosos efetuados
pela Apolo Tubulars para as empresas de Julio Gerin de Almeida Camargo e
para os pagamentos vultosos efetuados pelas últimas à Credencial
Construtora. Também ausente aparente causa econômica lícita para o
pagamento pela Credencial à JD Assessoria e Consultoria", disse Moro em
sua decisão.
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu,
durante audiência que ouve os presos da operação Lava Jato na CPI da
Petrobras, no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, na manhã
desta segunda-feira (31)
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