Quatro dias após a prisão
de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR) voltou ao trabalho no Senado nesta segunda-feira (27). Em um
discurso feito no plenário, a petista criticou a ação da Polícia
Federal, que classificou como midiática, e disse que irá lutar pela
"restauração da dignidade e do nome" de seu companheiro.
Gleisi
chegou ao Senado por volta das 14h e foi recebida por integrantes dos
grupos Pró-Democracia e Rosas pela Democracia, de quem recebeu flores.
Eles são contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma
Rousseff.
Com palavras de ordem como "Gleisi me representa" e
"golpistas não passarão", o grupo de cerca de 15 pessoas acompanhou a
senadora de seu gabinete até o plenário do Senado.
A sessão
plenária foi aberta pelo senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do
Senado, para que Gleisi pudesse fazer um pronunciamento que durou cerca
de 17 minutos. A colegas da oposição, a senadora fez uma defesa de
Paulo Bernardo e de sua família frente às acusações de que o ex-ministro
participou de um esquema de corrupção para abastecer os cofres do PT.
"É
com muita dor que eu venho a essa tribuna hoje, dor na alma e no
coração, para falar sobre o que aconteceu na última quinta-feira. Pelos
erros e equívocos da nossa história, injustiças do nosso caminho. Nem em
pesadelo eu seria capaz de supor que estaria aqui hoje para defender o
meu companheiro. É uma prisão injusta mas hoje estou aqui, serena e
humilde, mas não humilhada", disse.
PRINCIPAIS ALVOS DA OPERAÇÃO CUSTO BRASIL
A
senadora afirmou que "conhece Paulo há muitos anos" e sabe de suas
"virtudes e defeitos". "Sei muito bem o que ele não faria. Tenho certeza
de que não participou ou se beneficiou de qualquer atitude ilegal. Ele
sabe que eu não perdoaria, que sua mãe não perdoaria", disse.
A
petista voltou a dizer que a prisão de Paulo Bernardo foi despropositada
"do início ao fim" e criticou a forma como a Polícia Federal cumpriu a
ordem de busca e apreensão em seu apartamento funcional, com o uso de
helicópteros e efetivo de policiais em terra. Para ela, a operação foi
um "show midiático".
"A prisão foi surreal. Para que isso? Para
chamar a atenção? Foi um uso de dinheiro público desnecessário. É também
uma tentativa de abalar emocionalmente o grupo de senadores que
discordam dos argumentos que vem sendo usados para tirar da presidência
uma mulher eleita legitimamente pelo povo brasileiro", disse.
Paulo
Bernardo foi preso pela Polícia Federal na manhã da última quita, em
Brasília, pela Operação Custo Brasil, que investiga um esquema de
corrupção supostamente usado para abastecer o caixa do PT.
Ex-ministro
dos governos Lula e Dilma, ele foi preso preventivamente, suspeito de
ter se beneficiado de R$ 7 milhões em propina. O valor teria sido
recebido por escritório de advocacia ligado ao petista.
Ele foi
levado para a sede da PF em São Paulo, que centraliza a investigação, um
desdobramento da Lava Jato. Esta é a primeira vez que um ex-ministro de
Dilma é preso no âmbito da operação.
Uma das principais
defensoras da presidente afastada Dilma Rousseff na Comissão Especial do
Impeachment, Gleisi não compareceu às reuniões de quinta e sexta. Ela
optou por ficar em casa com seus dois filhos e para também conversar com
o advogado da família. No mesmo dia, no entanto, ela já havia dado
garantias a seus colegas de que voltaria à Casa nesta semana.
Após
seu discurso, senadores presentes à sessão, iniciaram uma série de
apartes para se solidarizar com a colega. Com informações da Folhapress.
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