São Paulo – Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram, nesta quinta-feira, o afastamento do peemedebista Eduardo Cunha do exercício de seu mandato como deputado federal e da presidência da Câmara dos Deputados.
A decisão foi tomada na manhã de hoje pelo ministro Teori Zavascki, que é relator da Operação Lava Jato no STF.
Essa
é uma determinação inédita no âmbito do Supremo Tribunal Federal. "A
medida não traz qualquer novidade. São corriqueiros os casos de
afastamentos de prefeitos, de presidentes de Assembleias Legislativas,
de Câmara Municipais no CNJ [Conselho Nacional de Justiça] semana sim,
semana não", disse Ricardo Lewandowski, presidente do STF.
No texto em que justifica sua determinação (veja íntegra), Teori afirma que o avanço do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff agrava os riscos que Cunha “impõe para a credibilidade das principais instituições políticas do país”.
Isso
porque, se a presidente Dilma for realmente afastada do cargo, Cunha é o
primeiro na linha de sucessão de Michel Temer na presidência.
“Não
há a menor dúvida de que o investigado não possui condições pessoais
mínimas para exercer, neste momento, na sua plenitude, as
responsabilidades do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, pois
ele não se qualifica para o encargo de substituição da Presidência da
República, já que figura na condição de réu”, afirmou Teori na decisão.
Durante
a votação, os ministros deixaram claro que a decisão de hoje é pontual e
individualizada. Logo, não serve de base para outras decisões pelo
país.
“Um espirro dessa corte
reverbera em todo o país. Não é desejo de ninguém que isso passe a ser
um instrumento de empoderamento do poder judiciário em relação aos
poderes eleitos”, disse o ministro José Dias Toffoli durante a votação.
Da decisão
141 dias. Esse foi o tempo que o
ministro Teori levou para analisar o pedido de afastamento do
peemedebista Eduardo Cunha apresentado pelo procurador-Geral da União,
Rodrigo Janot, em dezembro.
A
decisão só foi apresentada na manhã desta quinta-feira – cerca de cinco
horas antes do plenário do STF analisar um pedido semelhante
protocolado pela Rede Sustentabilidade na última terça-feira.
Na ação apresentada ao STF, Janot elenca 11 argumentos que justificam a suspensão do exercício de Eduardo Cunha como deputado federal.
O que acontece com Cunha
Com
a decisão, Cunha não perde o seu mandato, mas, sim, o direito de
exercê-lo. Isso significa que ele continua gozando dos benefícios
inerentes ao cargo - como salário e foro especial. Veja 9 respostas sobre o futuro de Cunha.
Hoje,
o salário de Eduardo Cunha é de 33,7 mil reais. O cargo de presidente
da Câmara outorga ainda ao peemedebista uma casa de 800 metros
quadrados, com quatro quartos e piscina no Lago Sul, em Brasília (DF).
De
acordo com Rubens Glezer, professor do Núcleo de Justiça e Constituição
da FGV Direito, é possível que o STF seja questionado para que se
aplique o mesmo regime adotado no caso de afastamento temporário do
presidente da República em caso de abertura de julgamento de
impeachment.
Nesse caso, o
chefe do Executivo recebe metade do salário durante o período do
julgamento mas continua morando na residência oficial.
O que acontece com a Câmara dos Deputados
Com
o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quem assume a presidência da
Câmara dos deputados é Waldir Maranhão (PP-MA). O parlamentar, que é
aliado do peemdebsita, também é investigado na operação Lava Jato.
A
expectativa é de que, sem Cunha no páreo, o Conselho de Ética da Câmara
fique também livre - a princípio - para analisar a cassação do mandato
do peemedebista sem que manobras de última hora impeçam o andamento do
processo. Veja um almanaque com todas os artifícios do peemedebista para salvar o próprio mandato.
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