A presidente Dilma Rousseff anunciou aumento médio de 9% dos benefícios do Bolsa Família e afirmou que o reajuste não vai causar danos fiscais durante o ato de 1º de Maio no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Segundo ela, um eventual governo Temer pretende limitar o benefício apenas aos 5% mais pobres do país, o que deverá resultar no fim do benefício para 36 milhões de pessoas.
A presidente chegou por volta de 13h40. O ex-presidente Lula não compareceu ao ato. Segundo sua assessoria, ele está sem voz.
- São 36 milhões que estarão entregues à livre força do mercado para se virar. Estão afetando não é adulto, homem e mulher adulto, quem mais se beneficia hoje são as nossas crianças e adolescentes, que têm assegurado acesso à alimentação, saúde e educação - discursou Dilma.
A presidente anunciou ainda correção de 5% na tabela do imposto de renda para pessoas físicas a partir do ano que vem; criação de um conselho tripartite com empresários, trabalhadores e governo, o Conselho Nacional do Trabalho; a ampliação da licença paternidade para funcionários públicos (de cinco para 20 dias) e convênios com movimentos populares para a construção de 25 mil moradias.
Dilma afirmou que os que estão a favor do impeachment vão piorar a situação econômica do país e "ferir a Constituição".
- Eles vão aprofundar a crise e rasgar a Constituição, ferindo , maculando a Constituição. Eu vou resistir.
A presidente disse que a luta agora é maior do que a resistência durante a ditadura.
- O meu mandato não é o mandato de uma pessoa, é um mandato que me foi dado por 54 milhões de pessoas que acreditavam num projeto. Esse projeto que querem impor ao Brasil não foi o projeto vitorioso nas urnas em 2014. Se querem esse projeto, que vão as urnas em 2018 e coloquem ao crivo do povo brasileiro.
Dilma afirmou que o impeachment é um disfarce para um projeto de eleição indireta, levado a cabo pelos que perderam a eleição em 2014 e com "traidores" que estavam junto com o governo. Ela voltou a dizer que não tem conta no exterior, nunca usou recursos públicos em causa própria e nunca embolsou dinheiro do povo brasileiro.
- Não recebi propina e nunca fui acusada de corrupção, eles tiveram que inventar um crime - disse Dilma, referindo-se às pedaladas fiscais.
Atos contra e a favor do impeachment acontecem em 13 estados e no Distrito Federal, a maioria é pró-Dilma. Em São Paulo, a central Conlutas pede novas eleições. Em Brasília, manifestantes levaram cartazes com a palavra "golpe" em vários idiomas.

PT não conversará com Temer, diz Falcão

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou no ato de 1º de maio realizado pelas centrais sindicais e movimentos populares contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff que o PT não vai conversar com Michel Temer.
- Eu não converso com golpista, eu não converso com quem trai sua própria colega de chapa. Nós vamos lutar pela democracia - disse Falcão.
Haddad afirmou que a data marca a unidade da classe trabalhadora para impedir retrocesso dos direitos sociais no Brasil.
- Estamos chegando no momento mais importante desde 1964. A direita se rearticulou, mas subestima a luta do trabalhador e vai cometer esse erro de novo. Ninguém vai abrir mão da democracia - afirmou.
Gilmar Mauro, um dos integrantes da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST), afirmou que a entidade não vai dar trégua "a qualquer governo impostor" e que os movimentos sociais e de trabalhadores já são vitoriosos porque conseguiram construir uma unidade de esquerda.
- Não vamos dar um dia sequer de trégua a qualquer governo impostor - afirmou Mauro.
O dirigente do MST disse que é tarefa dos militantes, de todas as frentes e movimentos, continuar na batalha.
- Vimos o cretinismo parlamentar brasileiro dando aula de hipocrisia e de problema crônico e histórico, que mistura o público e o privado - afirmou Mauro, que classificou o Ministério Público de "mequetrefe do MP em defesa da iniciativa privada".
Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, afirmou que as entidades populares vão continuar resistindo ao impeachment.
- Não vou falar de eventual governo Temer porque não haverá governo Temer. Vamos continuar resistindo nas ruas - afirmou Bonfim, acrescentando que Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, é "vendido" e vai ser escrachado nas ruas junto com Michel Temer e com Eduardo Cunha, a quem chamou de "maior ladrão do país".
Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, afirmou que a celebração do Dia do Trabalhador acontece num momento muito grave, que "há um golpe em curso", "uma tentativa arquitetada pela casa grande, que desde 500 anos querem mandar neste país”.