BRASÍLIA - O ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira, 11, que o
governo estuda a separação de provas para os alunos que querem apenas a
certificação no segundo grau dos que querem concorrer a uma vaga na
universidade. Dos pouco mais de 6 milhões que prestam provas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, 800 mil tinham objetivo
obter o diploma e os 5,2 milhões demais são candidatos às universidades.
A
dificuldade de mudar o sistema, de acordo com o ministro, é que muitos
estudantes que, a princípio, querem apenas o diploma de conclusão
daquele ciclo escolar, depois acabam usando a mesma nota do Enem para
acessar o ensino superior, sem precisar de nova prova.
"Por isso, estamos avaliando bem esta questão", declarou Mercadante.
Em
caso de separação das provas, o aluno precisaria se submeter a novo
exame. Mas o ministro entende que o método precisa ser alterado. "O
sarrafo não é adequado", comentou, ao explicar que não seria preciso que
todos se submetessem à mesma prova, já que, muitas vezes, o aluno se
submete ao Enem para certificação de apenas uma ou duas disciplinas e
não para todas as matérias.
"A dificuldade é exatamente fazer um
exame que contemple as duas pontas, que certifique bem e permita um bom
acesso à universidade", comentou, acrescentando que o objetivo é sempre
aprimorar mais o exame, a segurança do sistema. "Precisamos analisar se,
de fato, para a certificação, o Enem é adequado, ou se precisa mudar."
Dois Enens. O
ministro da Educação não quis falar sobre possibilidade realização de
dois Enens no mesmo ano, um pleito dos estudantes para terem duas
oportunidades por ano de ingressar no ensino superior. Questionado se
poderia ter dois Enens, o ministro foi lacônico: "Não posso te dizer
isso".
O ministro explicou ainda que o Ministério da Educação
(MEC) está trabalhando para "separar o Enem da certificação". Ele
lembrou que hoje, Enem, certificação, Financiamento Estudantil (Fies),
Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos
(ProUni), Ciência sem Fronteira (CsF) são feitos usando os mesmo
critérios.
"É muito difícil você assobiar e chupar cana ao mesmo
tempo, ou seja, é muito difícil ter um exame que dê conta das duas
coisas", disse Mercadante.
A Universidade do Algarve também aceita o Enem como
critério de seleção de estudantes. Para se candidatar a uma vaga, basta
aos participantes do Enem apresentar os resultados obtidos no exame, sem
necessidade de fazer prova de ingresso. A universidade exige apenas que
os brasileiros obtenham um mínimo de 500 pontos na redação e pelo menos
475 pontos em cada uma das provas objetivas.
Os participantes do Enem podem se candidatar
a vagas como estudantes internacionais no Instituto Politécnico Beja.
Pela primeira vez, o Inep formalizou um acordo de aproveitamento das
notas do Enem com uma instituição de ensino superior estrangeira
especializada em áreas pouco exploradas pelo Brasil, como viticultura e
enologia, olivicultura e agropecuária mediterrânea
A Universidade da Beira
Interior, em Covilhã, já aceita a nota do Enem para o ingresso de
estudantes brasileiros em cursos de graduação. O peso da redação e de
cada prova do Enem varia de acordo com o curso escolhido pelo
estudante.
Instituto Politécnico de Portalegre assinou um acordo
com o Inep para aproveitar os resultados como forma de ingresso de
estudantes brasileiros em seus cursos. O IPP tem escolas de educação,
tecnologias e gestão, saúde e agrária
O Instituto Politécnico do
Porto passou a aceitar neste ano a nota do Enem como forma de ingresso
dos estudantes. Com unidades nas cidades do Porto, Matosinhos, Póvoa de
Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Felgueiras, o instituto conta
com uma comunidade acadêmica de mais de 18.500 estudantes
Enade digital.
Mercadante contou que o MEC pretende também fazer alguns provas do
Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de forma digital - a
prova é destinada ao aluno que está concluindo o ensino superior.
Como
exemplo, citou a possibilidade de Enade para cursos como Música, porque
o exame pode se tornar mais interessante e mais específico. Mas ele
reconheceu que ainda não é possível fazer isso para todos os estudantes
do Enade, ao lembrar que o último foi prestado por 550 mil estudantes. A
ideia é fazer com alguns alunos, de certas áreas.
Fies. Mercadante
contestou o dado divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) que
indicou inadimplência de 47,14% nos contratos do Fies em 2014. Segundo
Mercadante, a CGU analisou 315 mil contratos. Destes, 146 mil estão
inadimplentes. Deste total, apenas 5 mil - ou 3,4% - são referentes a
contratos pelo novo Fies, que prevê que o fundo garantidor arque com a
responsabilidade de pagamento do contrato caso o aluno não pague a
mensalidade.
Os demais 141 mil contratos seriam referentes ao Fies
antigo, de antes de 2010, em que o aluno, ao pedir o empréstimo para
custear seus estudos, dava como garantia de pagamento um fiador
particular. Neste caso, segundo o ministro Mercadante, o governo tentará
uma ampla negociação para tentar receber os recursos e, caso não
consiga, poderá entrar na Justiça para exigir o pagamento da pessoa
física.
"Estes (141 mil) são referentes à inadimplência
do modelo anterior que nós identificamos e mudamos. E, no modelo
anterior, as pessoas, obrigatoriamente tinham avalista e, então, a
responsabilidade é da pessoa física e não entra no fundo garantidor",
afirmou o ministro. "Este volume (3,4%) está dentro dos
melhores indicadores de inadimplência na conjuntura", observou. Sobre os
atrasados antigos, Mercadante insistiu que "o melhor caminho, é sempre a
negociação".
Mercadante aproveitou ainda para elogiar o
desempenho de 13 alunos que obtiveram a nota máxima em matemática. Disse
também que, de acordo com o último Censo feito em instituições de nível
superior em todo o País, 35% são o primeiro aluno da família a
ingressar em uma universidade. O ministro citou ainda que, em
universidades como a de Minas Gerais (UFMG), já há dados apontando que
os cotistas estão apresentando desempenho melhor do que os que não
entraram pelas cotas.
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