Atualizada às 16h48
BRASÍLIA - Apesar de
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prever a possibilidade de
abatimento na meta fiscal de 2015 de R$ 57 bilhões das "pedaladas"
fiscais, o governo decidiu pagar um total de R$ 72,4 bilhões, que inclui
todo o passivo em atraso até este ano, e abater da meta R$ 55,8
bilhões. Isso porque, de acordo com o secretário interino do Tesouro
Nacional, Otávio Ladeira, esse é o valor devido até 31/12/2014, que é o
período em que a legislação permite o abatimento.
De acordo com
nota do Ministério da Fazenda, os outros R$ 16,6 bilhões restantes serão
absorvidos pelo "espaço fiscal existente", ou seja, entrará no
resultado primário cuja meta para o ano é de um déficit de até R$ 51,8
bilhões.
"O pagamento de todas as obrigações neste exercício era
medida necessária para fins de cumprimento da meta fiscal, uma vez que, a
partir de determinação do TCU, houve mudança no momento em que se daria
a apuração das estatísticas fiscais pelo Banco Central", afirma a nota.
A pasta afirma ainda que todas as obrigações da União com Bancos
Públicos e fundos serão imediatamente contabilizadas como despesas
primárias e passarão a integrar as estatísticas fiscais.
2016.
Segundo Ladeira, os novos pagamentos devidos, em 2016, serão feitos de
acordo com os prazos previstos nos contratos. "A periodicidade será
aquela determinada nos contratos, pagaremos tempestivamente todas as
despesas ", afirmou.
No caso do Programa de Sustentação do
Investimento (PSI), do BNDES, a Fazenda editou nesta semana portaria
determinando que o pagamento seja feito seis meses depois de os valores
terem sido lançados no balanço do banco.
Durante a entrevista
coletiva, o secretário foi questionado sobre que valores dos R$ 72,4
bilhões pagos das pedaladas neste ano teriam sido destinados para o
Bolsa Família, como disse a presidente Dilma Rousseff. Ladeira disse não
saber responder.
Detalhamento. O Tesouro
Nacional detalhou ainda os valores contabilizados de passivos relativos
às chamadas "pedaladas fiscais" junto ao Banco do Brasil, BNDES, FGTS e
Caixa.
Um total de R$ 12,2 bilhões contabilizados se referem
ao passivo da União junto ao FGTS, sendo a totalidade correspondente a
datas anteriores ao fim de 2014. Outros R$ 10,5 bilhões são relativos a
adiantamentos concedidos pelo FGTS à União, com R$ 9 bilhões até 2014 e
R$ 1,5 bilhão deste ano.
Para o BNDES, foram calculados R$ 30
bilhões relativos a valores devidos pelo Tesouro Nacional a título de
equalização de taxa de juros. Desse total, R$ 21,4 bilhões vêm de até
2014 e R$ 8,6 bilhões de 2015.
Foram contabilizados ao Banco do
Brasil R$ 18,2 bilhões por equalização de taxas da safra agrícola, além
de título e créditos a receber. Do valor, R$ 12,1 bilhões correspondem
ao período até o fim de 2014, que trata o TCU, e R$ 6,1 bilhões de 2015.
O Tesouro lembra também que o pagamento das pedaladas impacta o
resultado primário do ano e as dívidas bruta e líquida, por meio do
impacto nas operações compromissadas do Banco Central. Além disso, a
emissão direta de R$ 1,5 bilhão para o Banco do Brasil aumenta o estoque
da dívida pública federal.
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