TRÊS LAGOAS - Em discurso lido pela ministra da
Agricultura, Kátia Abreu, no lançamento de um projeto para dobrar a
capacidade de celulose da empresa Fibria em Três Lagoas (MS), nesta
sexta-feira, 30, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não
está parado, nem é prisioneiro da agenda de ajustes da economia. "Não
estamos prisioneiros da agenda de ajustes. Temos uma agenda consistente
de estímulo ao desenvolvimento", afirmou.
O recado foi dado um dia
depois que o PMDB divulgou documento apontando o "desequilíbrio fiscal"
e de o vice-presidente Michel Temer ter afirmado que o governo se
equivocou na política econômica. Segundo o discurso da presidente, um
investimento como o da Fibria, de R$ 7,7 bilhões, não ocorre num país em
que está sem perspectivas e no qual o empresariado não confia. "Nenhum
empresário investe se não tiver confiança no retorno dos recursos
aplicados. (O investimento) é expressão da confiança da Fibria no
desenvolvimento sustentável do Brasil.
"Dilma cancelou sua ida à
cerimônia de última hora, após sua mãe, dona Dilma Jane, de 92 anos, ter
passado mal durante a noite. No discurso que leria no evento, ela
defendeu o ajuste fiscal, mas disse que as medidas não travam o
desenvolvimento do país. "Em momento de ajuste e de transição, a
expansão da fábrica mostra que os empresários não se deixam levar pelas
análises conjunturais pessimistas e não paralisam suas obras, confiando
que o Brasil retomará os investimentos e que vale a pena investir nele."
Defendeu ainda o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
que participou do investimento da Fibria.
Em entrevista, Katia
Abreu, que é do PMDB, negou-se a responder a perguntas sobre o documento
divulgado pelo partido. "Vim aqui para falar da Fibria e do Brasil."
Segundo ela, os investimentos do governo em infraestrutura não estão
sendo mostrados pela imprensa que, segundo ela, prefere mostrar as ações
da Justiça. "O que precisamos divulgar para o Brasil, e isso é da maior
importância, acho que a Justiça está cumprindo bem o seu papel, mas
precisamos fazer o Brasil crescer. E isso quem faz não é o governo, é a
iniciativa privada e os trabalhadores que precisam de emprego. E isso
não se faz com pessimismo."
Segundo ela, apesar das críticas dos
pessimistas, o Plano de Investimentos em Logística (PIL) está caminhando
e uma das obras, a duplicação da BR-262, em Mato Grosso do Sul, recebeu
29 manifestações de interesse, o que mostraria que a iniciativa
privada quer investir no país. "Sei que é difícil ficar sabendo pelo
noticiário, mas o Brasil real está acontecendo." Ela defendeu o ajuste
fiscal. "Ou votamos as medidas que estão sendo propostas pela Fazenda,
ou vamos estar optando pelo pior imposto que existe, que é o imposto
inflacionário."
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