Estão em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os
depoimentos dos ex-executivos da Odebrecht na ação da chapa Dilma-Temer,
que pode levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer.
Já
foram ouvidos o ex-presidente e dono da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e
outros dois ex-executivos da empresa. Mais depoimentos estão agendados
para a próxima segunda-feira (6).
Os sete assinaram um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato.
As
pessoas citadas pelos delatores devem ser convocadas para depor nos
próximos dias. O ministro Benjamin já indicou que pretende encerrar o
caso com agilidade, mas a ação não tem prazo para terminar.
Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", a defesa de Temer estuda pedir a anulação dos depoimentos da Odebrecht, além de tentar separar as contas e alongar a fase de apuração.
Temer pode ser cassado?
Como
a ex-presidente Dilma Rousseff foi deposta do cargo pelo impeachment, a
Justiça Eleitoral vai julgar se há irregularidades que possam cassar
também o mandato de Temer. Se comprovadas as afirmações feitas por Marcelo Odebrecht, o presidente pode ser obrigado a deixar o cargo.
A
defesa de Temer, no entanto, afirma que ele não teria responsabilidade
sobre supostas irregularidades praticadas na campanha de Dilma. Ainda
segundo a "Folha de S. Paulo", Marcelo Odebrecht contou que recebeu um
pedido de doação de Temer em um jantar na residência oficial dele.
Na
maioria das decisões anteriores o TSE proibiu a separação da chapa na
aplicação da pena. O que levaria à cassação do presidente Temer, se
comprovadas as irregularidades.
Quem vai governar o país se Temer for cassado?
Na avaliação do presidente da Academia de Direito Eleitoral (ADE), Rodolfo Viana, feita ao Sputnik Brasil, o tema é complexo.
Existe
uma polêmica jurídica em relação à ocorrência ou não de eleições
diretas ou indiretas. O artigo que regula essa questão na Constituição é
o 81. Ele deixa claro que, em caso de vacância da presidência, caso ela
ocorra nos dois primeiros anos do mandato (até o final de 2016), haverá
convocação de eleições diretas. Os novos candidatos, uma vez eleitos,
cumprirão o resto do mandato (até dezembro de 2018). Caso essa vacância
ocorra nos dois últimos anos, a eleição é indireta, ou seja, vai ser
regulada pelo Congresso Nacional, que irá eleger o presidente da
república."
Contudo, a minirreforma eleitoral de 2015, a Lei
13.165, introduziu um dispositivo curioso no Artigo 224 do Código
Eleitoral, que diz que as decisões da Justiça Eleitoral que indeferem
registros de candidaturas ou cassam diploma vão gerar eleições. Se a
decisão ocorrer a seis meses do final do mandato (julho de 2018) haverá
eleição indireta, se for do início do mandato até três anos e meio,
seriam eleições diretas.
"Essa é uma grande
polêmica. Há ações junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para declarar
inconstitucional essa interpretação que a lei eleitoral trouxe",
explica o especialista.
Até que as eleições
diretas ou indiretas fossem realizadas, o presidente da Câmara do
Deputados Rodrigo Maia assumiria o posto de presidente da República.
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