BRASÍLIA - A Odebrecht doou ao menos R$ 40 milhões em caixa 2 para
candidatos que disputaram a última eleição geral de 2014. O montante foi
mencionado pelo ex-diretor da empresa Benedicto Barbosa da Silva
Júnior, conhecido por BJ, em depoimento na quinta-feira, 2, ao ministro
do TSE Herman Benjamin.
A audiência, realizada no Rio, fez parte
do processo que investiga se houve abuso de poder econômico e político
por parte da chapa Dilma-Temer nas últimas eleições.
Segundo BJ,
os recursos de caixa 2 eram oriundos do Setor de Operações Estruturadas
da Odebrecht, departamento responsável pelo pagamento de propinas. Quem
fazia as operações dos repasses ilícitos era o executivo Hilberto Filho.
Ao
ser questionado sobre a origem dos recursos do caixa 2, BJ informou
que, pelo o que entendia, inicialmente eram feitos contratos no
exterior, os quais geravam recursos que eram armazenados. Posteriormente, quando havia necessidade de trazer o dinheiro para o
País, integrantes do esquema recorriam a doleiros.
O ex-diretor
informou ainda que integrou um grupo da empresa que se reuniu com o
executivo Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo, para
definir o volume de doações das campanhas de 2014.
Segundo BJ, o
montante que seria repassado por meio de doação legal e caixa 2 para as
campanhas presidenciais ficava a critério de Marcelo e que, em razão
disso, não poderia ajudar nas investigações envolvendo a chapa
Dilma-Temer. Ele informou, contudo, que, após a partilha, o valor
restante era distribuído para as campanhas aos governos estaduais, para o
Senado e para a Câmara. Neste último caso, as doações eram feitas
preferencialmente para o partido. E, depois de confirmada a entrega dos
recursos, o candidato era informado e cabia a ele procurar o tesoureiro
da legenda.
Valor global. Ao detalhar a distribuição de recursos
que sairiam dos cofres da Odebrecht, BJ informou que os R$ 40 milhões
oriundos de caixa 2 faziam parte de um valor global, que chegaria a R$
200 milhões em doações. Desse total, R$ 120 milhões seriam repasses
legais; entre R$ 40 milhões a R$ 50 milhões viriam de empresas
“terceirizadas”; e o restante de caixa 2.
No depoimento, o
ex-diretor informou que parte dos recursos ilícitos, R$ 9 milhões, foi
dada a políticos do PSDB e do PP e ao marqueteiro do PSDB, a pedido do
então candidato à Presidência Aécio Neves, presidente nacional da sigla.
Em depoimento, Marcelo Odebrecht também teria dito que, apenas
para a campanha presidencial do PT de 2014, foram doados R$ 150 milhões.
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