O dólar fechou a quinta-feira com alta de quase 2 por cento, voltando
a 3,15 reais e no maior patamar em um mês, acompanhando a valorização
da moeda norte-americana sobre outras divisas no exterior em meio às
apostas crescentes de que o Federal Reserve, banco central dos Estados
Unidos, pode elevar os juros em breve.
O dólar avançou 1,88 por cento, a 3,1513 reais na venda, maior nível desde 27 de janeiro passado, quando fechou em 3,1520 reais.
Na máxima da sessão, o dólar marcou 3,1552 reais. O dólar futuro registrava alta de cerca de 1,90 por cento no final da tarde.
"Com
os Estados Unidos remunerando melhor e nosso juro em trajetória de
queda, os gestores privilegiam segurança ao rendimento", afirmou o
superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Nos
últimos dias, dirigentes do Fed deram declarações sinalizando que a
autoridade monetária pode elevar as taxas de juros do país neste mês.
Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, as apostas indicavam cerca
de 80 por cento de chances de o Fed elevar os juros em 0,25 ponto
percentual na sua próxima reunião, nos dias 14 e 15 de março.
Juros
elevados podem atrair à maior economia do mundo recursos hoje aplicados
em outras praças financeiras, como a brasileira, pressionando as
cotações do dólar.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de
moedas, o iene e outras moedas de países emergentes, como o peso
mexicano e rand sul-africano.
No dia seguinte, a chair do Fed,
Janet Yellen, fará discurso 15:00 (horário de Brasília) durante evento
em Chicago, e investidores vão buscar pistas sobre os próximos passos da
autoridade monetária.
Os investidores locais também estavam de
olho no Banco Central brasileiro que, apesar do salto do dólar agora,
continuou sem anunciar intervenção no mercado de câmbio.
Em abril,
vencem o equivalente à 9,711 bilhões de dólares em swaps tradicionais,
equivalente à venda futura de dólares, e operadores se questionavam se o
BC rolará, mesmo que parcialmente, esses contratos.
"O BC pode
repetir a estratégia do mês passado e só rolar parcialmente o
vencimento", comentou um operador de câmbio de uma corretora local.
A
cena política local também pesava sobre os mercados, com o depoimento
da véspera do empresário Marcelo Odebrecht confirmando um jantar com o
presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, onde foi tratado
contribuições para a campanha do então vice-presidente, mas garantiu que
o tema foi abordado "de forma genérica" e não houve pedido de doação
direto feito por Temer.
"O mercado está monitorando o político e
isso pode criar um ambiente para uma corrida ao dólar. Na dúvida, durma
comprado", afirmou Silva, da Correparti.
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