SÃO PAULO - Numa resposta aos advogados do ex-presidente Lula, o juiz Sérgio Moro não só rebateu a afirmação de que deveria se colocar em suspeição nas investigações como afirmou que havia elementos suficientes para decretar a prisão temporária do petista, mas optou por uma medida "menos gravosa": a condução coercitiva. Defensores de Lula criticaram interceptação telefônica obtida, segundo eles, de forma "ilegal" e usada de maneira "parcial".
"Rigorosamente,
a interceptação revelou uma série de diálogos do ex-presidente nos
quais há indicação, em cognição sumária, de sua intenção de obstruir as
investigações, como no exemplo citado, o que por si só poderia
justificar, por ocasião da busca e apreensão, a prisão temporária dele,
tendo sido optado, porém, pela medida menos gravosa da condução
coercitiva", afirmou o juiz em seu despacho.
No
documento de 15 páginas protocolado nesta sexta-feira, Moro afirmou que
não vai abrir mão do caso e que "falta seriedade" à argumentação dos
advogados de Lula.
“Não há
nenhum fato objetivo que justifique a presente exceção, tratando-se
apenas de veículo impróprio para a irresignação da defesa do excipiente
(Lula) contra as decisões do presente julgador e, em alguns tópicos, é
até mesmo bem menos do que isso.
Além
do argumento de que Moro ordenou medidas de maneira "ilegal" e
"parcial", os advogados do petista afirmam que o juiz seria suspeito
pois teria levantado ilegalmente o sigilo sobre diálogos interceptados.
Eles dizem ainda que o Moro teria préjulgado Lula ao prestar informações
ao Supremo Tribunal Federal e seria suspeito porque ter relacionamento
com a imprensa.
“Falta seriedade à argumentação da defesa”, afirma o juiz
Os
advogados de Lula chegam a afirmar que o juiz tomou medidas contra Moro
por conta de razões política-eleitorais. O juiz rebate:
“Trata-se
aqui de afirmação falsa. Este julgador jamais participou de evento
político. Nenhum dos eventos citados, organizados principalmente por
órgãos da imprensa, constitui evento político”
Ontem,
os advogados voltaram a atacar Moro “O juiz Sergio Moro recusou-se a
reconhecer que perdeu a imparcialidade para julgar o ex-Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e apresentou sua defesa para futuro julgamento pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª. Região. A defesa apresentada por Moro,
todavia, apenas deixou ainda mais evidente a sua parcialidade em
relação a Lula, pois a peça: (a) acusa; (b) nega, de forma
inconsistente, as arbitrariedades praticadas; (c) faz indevidos juízos
de valor; e, ainda, (d) distorce e ignora fatos relevantes.
“Ao
deixar de reconhecer que perdeu a imparcialidade para julgar Lula,
diante de tão relevantes fatos, o juiz Moro comete inequívoco atentado
contra a Constituição Federal e, ainda, contra os Tratados
Internacionais que o Brasil se obrigou a cumprir, que asseguram a figura
de um juiz imparcial e de um julgamento justo. Os advogados de Lula
tomarão todas as providências necessárias para que seu cliente não seja
submetido a novas arbitrariedades”, afirma a nota assinada por Cristiano
Zanin Martins e Roberto Teixeira.
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