terça-feira, 19 de julho de 2016

Ciro Gomes: 'Esse governo (Temer) é um misto de incompetência com bandidagem'


© Roosewelt Pinheiro/ABr
 
Pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2018, Ciro Gomes (PDT) atacou novamente o governo do presidente em exercício Michel Temer(PMDB). Depois do chamar o peemedebista de chefe de facção, Ciro partiu para cima de todo Executivo, só poupou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
"Salvo o Henrique Meirelles (de quem discordo, mas é meu amigo), justiça seja feita: esse governo é um misto de incompetência com bandidagem. O povo tem razão de estar zangado, porém o desastre de um governo ilegítimo se projeta para 20 anos, enquanto um mau governo passaria em dois. E é a maior frouxidão fiscal que eu já vi”, disse em entrevista à revista Poder.
Ciro prosseguiu com a artilharia mirada para a economia. Na avaliação dele, a próxima crise será do setor financeiro, onde "ninguém paga ninguém, é a maior inadimplência da história”.
"Este país está sendo assaltado há muito tempo, e o sintoma disso não é um tríplex cafona no Guarujá. Agora vem essa emenda constitucional para congelar a despesa primária, deixando os juros, que é a maior despesa corrente, por fora. Um governo ilegítimo, precário, aproveitando a perplexidade do momento, pode congelar o gasto primário por 20 anos! Se fizerem, é o caso de ir lá quebrar tudo, porque isso é a revogação da Constituição de 1988.”
Governo Dilma: 'indefensável'

Apesar da crítica ao governo em exercício, ele não defendeu a atuação da presidente afastada Dilma Rousseff no comando do País. “Defender o mandato da Dilma e ao mesmo tempo criticar o desastre que foi seu governo tem me deixado na maior solidão”, pontuou. 

Ciro ressaltou que não faltam razões para não gostar do governo Dilma. “(Ela) é honrada e a fiadora da democracia. Mas não tem treinamento para a política e se cerca mal.” Ele enfatiza que governo ruim não é crime de responsabilidade. Para ele, acusar pedaladas fiscais é só um pretexto.

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi considerado o responsável por entregar "parte da administração aos ladravazes da República”.
"Temer já era essa figura pequena e moralmente indefensável quando Lula o colocou na linha sucessória. Disse-me que não daria Furnas a Eduardo Cunha “de jeito nenhum” e no dia seguinte o nomeou – inclusive me afastei por isso. Dilma também deu a Cunha a vice-presidência da Caixa Econômica Federal, onde ele levantou uma propina de R$ 52 milhões.”
Sobre as constantes mudanças de partidos políticos, Ciro destacou que o senador José Serra (PSDB) e a ex-ministraMarina Silva (Rede) também pularam de partido mais de três vezes. Ele aproveitou para dizer que Marina “é séria, mas não compreende o Brasil”.
"A Marina era radicalmente contra (a BR-163, que liga Santarém a Cuiabá), até que foi lá comigo – somos amigos – e voltou com a cabeça virada. A 'indiarada' toda pedindo a BR! É muito bom ter ar-condicionado central, Hospital Israelita Albert Einstein, e querer para os outros, em abstrato, o atraso.”
No regrets!

Sobre seu temperamento, Ciro já adiantou que não pretende mudar.

"Não vou mudar meu jeito. Fico p... da vida com esse fru-fru aristocrático. Já viu o Cunha sendo chamado de ladrão? Ele olha para o outro lado. Essa é a elegância que a elite brasileira gosta. Tenho longa biografia e ocupei muitos cargos, mas na pauta de vocês nunca vai aparecer a pergunta 'como o senhor explica tanto dinheiro no seu patrimônio'– e olha que é dever de vocês me fustigar. Por isso olho para trás e digo 'no regrets!'."

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