(com Estadão Conteúdo)
A
Operação Lava Jato apreendeu na casa de um funcionário da OAS uma agenda
com o registro das reuniões, almoços e jantares com políticos do
presidente da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo
Pinheiro, logo após a deflagração da Operação Lava Jato. São encontros, a
maior parte deles em hotéis de Brasília, com o ex-presidente Lula, os
ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho e o ex-assessor do
ex-ministro Antonio Palocci, Charles Capela de Abreu.
Conforme revelou VEJA
em setembro de 2015, "Dr. Charles" foi citado na delação premiada do
lobista Fernando Baiano como intermediário de um repasse de 2 milhões de
reais desviados de contratos da Petrobras à campanha da presidente
afastada Dilma Rousseff em 2010. O acordo para repassar o dinheiro foi
fechado no comitê eleitoral de Dilma em Brasília depois de uma reunião
entre Baiano, Paulo Roberto Costa e Palocci.
A
agenda com os registros dos encontros foi encontrada em 14 de abril,
nas buscas que tinham como alvo o funcionário da OAS Marcos Paulo
Ramalho, secretário de Léo Pinheiro. Nas anotações, há registros ainda
de encontros com parlamentares como Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jutahy
Magalhães (PSDB-BA), alvos de pedidos de investigação do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Listado
pela Polícia Federal entre os itens recolhidos nas buscas da Operação
Vitória de Pirro - em que Léo Pinheiro é acusado de se associar ao
ex-senador Gim Argello para comprar parlamentares da CPI das Petrobras,
em 2014, o caderno preto com o nome da OAS em relevo na capa guarda
ainda os registros de encontros com outros políticos, como os deputados
Onix Lorenzoni (DEM-RS), Índio da Costa (PSD-RJ) e o presidente da
Fiesp, Paulo Skaf, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PMDB em
2014.
Preso
em 14 de novembro do ano passado, na 7ª fase da Lava Jato, a Juízo
Final, e condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 16 anos de prisão,
Léo Pinheiro negocia com a força-tarefa que conduz as investigações da
operação um acordo de delação premiada. Sua rotina de encontros com
políticos poderosos faz parte dos itens que o Ministério Público Federal
quer que o empresário detalhe.
As
anotações do secretário de Léo Pinheiro surgiram após ele ser mandado
para casa para cumprir prisão domiciliar, por ordem do Supremo Tribunal
Federal (STF). Alguns dos nomes registrados são alvos de inquéritos ou
pedidos de investigação feitos pela PGR.
Na
mesma agenda estão os encontros de Léo Pinheiro, a maioria entre abril e
maio de 2014, com outros presos na Lava Jato, como o ex-tesoureiro do
PT João Vaccari Neto e o lobista Julio Gerin Camargo, um dos primeiros
delatores a firmar acordo de colaboração com o MPF. Ele confessou ter
atuado em parceria com Léo Pinheiro para blindar empreiteiras na CPI da
Petrobras.
Outro nome que
aparece na agenda de reuniões de Léo Pinheiro é o ex-deputado federal do
PSB Alfredo Sirkis (RJ), um dos principais articuladores das campanhas
de Marina Silva à presidência da República, em 2010 e 2014.
Procurado
por meio da assessoria de imprensa do Instituto Lula, o ex-presidente
Lula não comentou o caso. O ex-ministro Gilberto Carvalho disse que
"nunca se reuniu com o senhor Léo Pinheiro".
Jutahy
afirmou que o encontro foi agendado a seu pedido. "Esteve comigo, da
mesma forma que esteve comigo em 2010 e 2012". O tucano afirma que, na
ocasião, foi acertada contribuição de 600.000 reais para sua campanha e
para campanhas de deputados estaduais na Bahia. Desse valor, apenas a
primeira parcela, de 300.000 reais, foi paga, em agosto.
Alfredo Sirkis não foi localizado para comentar o caso.
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