“Chegou um momento em que parei, olhei no espelho e não mais me reconhecia. Todos os meus amigos se afastaram. Meus Hobbies foram deixados de lado. Não bebia mais (porque ela não gostava). Minha vida se resumia em ir trabalhar e voltar para casa. Foi então que ela me abandonou e eu não tinha mais nada”
Talvez esse seja um tema recorrente
que observo dos relacionamentos frustrados e fracassados. A mania de um
companheiro querer moldar o outro conforme o seu ideal de parceiro
perfeito. O resultado, quase sempre, não é positivo. A auto-anulação do
ser enquanto pessoa, uma relação prisioneira de si mesmo, brigas,
desentendimentos.
Resultado: uma vida inteira frustrada ou um término repentino.
Resolvi
então abordar o polêmico tema com vocês. Como descobrir se uma mudança é
saudável? Até quando e onde ir para agradar a parceira? Será que vale
mudar sua personalidade só para ficar com alguém?
Por que insistimos em querer mudar alguém?
Levados por ideias românticos de livros, filmes ou
aquilo que pensamos ser uma relação perfeita, muitas vezes projetamos na
nossa companheira nossas próprias expectativas e frustrações. Assim,
não buscamos um alguém real, mas um ideal de parceira.
Apesar de
conviver com a pessoa totalmente diferente deste ideal no início do
relacionamento, acreditamos que, com o tempo, podemos moldá-la e
transformá-la naquilo que sempre sonhamos. Para isso, apostamos que o
sentimento formado é o suficiente para fazer com que ela se sinta
motivada a transformar-se naquilo que queremos.
O erro é que nem sempre sabemos o que queremos ou, se algo for moldado até tal, se realmente estamos satisfeitos com aquilo
.
O erro ao tentar transformar o outro
Querer mudar uma pessoa só para que este torne seu
ideal de parceiro contraria a lógica do amor. Amar é admitir alguém como
é e de uma forma completa (com suas falhas e qualidades). Amar não é
ignorar os defeitos, mas aprender a aceitá-los.
Se você precisa
alterar a personalidade ou a atitude de uma pessoa para aí sim gostar
dela, você não ama realmente uma pessoa e muito menos merece estar do
seu lado.
A mudança não vem de fora, vem de dentro
“Você não pode mudar as pessoas, você precisa ser a mudança que deseja ver nos outros” (Gandhi)
Forjar
uma mudança na outra pessoa além de artificial, não trás resultados
verdadeiros. Talvez, momentaneamente, você consiga transformações, mas
estas serão falsas e passageiras. Ainda que perdurar, a pessoa não se
sentirá confortável com isto e logo o incômodo virá à tona. Você será
responsabilizado pela insatisfação.
Mostrar para alguém as falhas e pedir por mudanças não proporciona resultados. Mesmo assim insistimos na atitude.
Se
dissermos que a pessoa é errada por não escutar aquilo que queremos
dizer, vamos conseguir como resultado que ela deixe de escutar. Aquele
que escutava pouco acabará por nada escutar. Se dissermos que a pessoa
não deve fazer tal atitude por ser errada, em um momento de irritação,
esta vai acabar fazendo, contrariada.
A mudança não acontece
através desse processo, mas sim por um acordo que permite às pessoas
caminharem juntas. Uma pode servir de exemplo para a outra quando
ninguém tem interesse em apontar defeitos. Ou seja, ao invés de impor
mudanças a quem estiver ao seu lado, porque não começar por si mesmo?
Mudar é preciso, moldar não é preciso
Essa persistente tentativa de querer
transformar a outra pessoa é um grande indício de que os dois não tem
uma sinergia para ficar juntos. Uma relação saudável precisa ter
respeito, admiração e flexibilidade de ambas as partes.
Pequenas
mudanças são necessárias para ajuste e desenvolvimento, não só do casal
mas uma questão de maturidade pessoal mesmo. Agora, querer que o outro
seja aquilo que ele não é (ou nunca foi) só para satisfazer seu desejo
pessoal é um caminho para um relacionamento fadado ao fracasso.
Impor menos, aceitar mais
Cada
um constrói seu ideal de parceiro. Isto não é errado, desde que este
pensamento não seja empurrado guela abaixo para o outro. Cada um é o que
é e não o que queremos que seja.
Deixe de pensar que o mundo gira
em torno do seu umbigo e tem que funcionar da maneira como você quer.
Se você não está preparado para lidar com pensamentos dissonantes ou
atitudes contrárias ao que pensa, terá sempre dificuldades de ser
relacionar. Ou você aprende com isso, ou saí fora da relação.
E como pensamento de reflexão, deixo esta brilhante frase dita por um jovem de Moçambique que entrou em contato conosco:
“Se for amor, terá que amar a pessoa e não moldar a imaginação dela”. (Jose Manejo)
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