BRASÍLIA - O PPS informou nesta sexta-feira, 20, que
pretende entrar com um mandado de segurança na próxima terça-feira, 24,
no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o afastamento de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados. O argumento do líder
do partido, deputado Rubens Bueno (PR), é de que o peemedebista vem se
utilizando das prerrogativas do cargo para postergar o andamento do
processo contra ele no Conselho de Ética.
"Desde o dia 10 de
outubro estamos pedindo que ele se afaste do cargo de forma espontânea,
mas Cunha insiste em permanecer. A situação se agravou ainda mais na
última quinta-feira, quando ficou claro que, junto a aliados, ele
articulou diversas manobras para impedir que o Conselho de Ética votasse
o parecer do relator do caso, deputado Fausto Pinato, pela
admissibilidade do processo. O afastamento é necessário para que
episódios lamentáveis como esse não voltem a ocorrer e o julgamento de
Cunha ocorra normalmente", argumenta o líder do PPS.
Essa é a
terceira ação parlamentar pedindo a saída de Cunha. Ontem, a deputada
Eliziane Gama (Rede-MA) avisou que vai protocolar uma representação na
Procuradoria-Geral da República (PGR) com o mesmo objetivo. Há quase um
mês, o vice-líder do governo e adversário de Cunha, Silvio Costa
(PSC-PE), também recorreu à PGR para forçar a saída do peemedebista. Na
ocasião, Costa apontou o uso indevido da função para retardar o pedido
de investigação do PSOL e da Rede Sustentabilidade.
A ação que
será protocolada na terça-feira pedirá o afastamento de Cunha da
presidência durante o período em que estiver em curso o processo no
Conselho de Ética. O mandado de segurança tentará reunir evidências de
que há interferência do peemedebista no processo. "É necessário que
Cunha deixe de possuir os poderes atinentes à Presidência da Câmara,
ainda que temporariamente, visto que já se utilizou fartamente deles, a
fim de que cessem as indevidas intervenções e o processo possa chegar ao
seu final", finaliza o deputado.
Nessa quinta-feira, 19, Cunha
iniciou a ordem do dia no plenário da Câmara mais cedo do que o usual,
levando à interrupção das atividades das comissões, e anunciou que
pretendia levar as votações até as 18h, mais tarde do que geralmente
costuma acontecer. O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo
(PSD-BA), cogitava retomar a sessão do colegiado após o fim da sessão
no plenário antes de a Mesa Diretora da Casa decidir anular a reunião do
Conselho, alegando burla ao regimento.
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