Empresas mineradoras doaram ao
menos R$ 6,6 milhões às campanhas de deputados federais que tratam
diretamente do novo Código de Mineração e aos parlamentares da comissão
externa da Câmara criada para monitorar os efeitos do rompimento das
barragens da Samarco no município de Mariana, em Minas. Nesta
segunda-feira, 16, eles estarão em visita à região do desastre. As
doações declaradas à Justiça Eleitoral foram feitas aos comitês dos
candidatos ou aos diretórios dos partidos.
Na recém-criada comissão especial para discutir o
Código de Mineração, 11 dos 20 parlamentares já indicados receberam R$
3,39 milhões. O valor pode aumentar, uma vez que ainda faltam sete
indicações para o colegiado. Dos 18 deputados do grupo que viajará a
Mariana, 13 foram financiados por mineradoras, no total de R$ 2,5
milhões.
A Vale, controladora da Samarco com a BHP, doou R$ 4,2 milhões a deputados, segundo o Estadão Dados. A reportagem só contabilizou empresas que trabalham com mineração em seus grupos.
Membro
da comissão externa, o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG) foi o que
recebeu no grupo o maior volume de doações diretas ou indiretas, feitas
via direção nacional de seu partido. Foram R$ 801,1 mil. Castro não
atendeu às ligações nem respondeu a mensagens até as 20h50 deste
domingo, 15.
Campeão
O
líder de doações é justamente o relator do texto que propõe novas
regras para o setor, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). Ele recebeu R$
1,4 milhão em doações diretas e indiretas. É também o maior
beneficiário das mineradoras quando analisados os 18 deputados da
comissão criada no início do ano que receberam doações do setor.
Quintão
diz que o “apoio” que recebe das mineradoras não interfere em seu
trabalho. “Não cedi a lobby de mineradora. Recebo apoio financeiro, como
tenho sido acusado pelos ambientalistas, legalmente do setor. Mas o
projeto não tem nada de minha parte que isente mineradora. Ao contrário,
estou aumentando (as cobranças às empresas)”, afirma.
A
Câmara manteve em funcionamento uma comissão especial que, por sete
meses, discutiu o Código de Mineração, mas foi encerrada sem votar o
relatório de Quintão. Agora, um novo colegiado será constituído.
Coordenador
da Frente Parlamentar Mista da Agropecuária, a chamada bancada
ruralista, o deputado Marcos Montes (PSD-MG) recebeu R$ 788,7 mil de
mineradoras. Integrante das duas comissões, a encerrada e a
recém-criada, ele diz acreditar “ser extremamente normal” a situação.
“Não
é o fato lamentável do acidente que vai tirar o mérito das
mineradoras”, diz. “Já fui ajudado por muitas empresas, porque acho que
confiam em mim e sabem que posso fazer a defesa de setores que prestam
serviço ao País.”
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