A crise política no Brasil ganhou um novo capítulo neste sábado (3),
com a prisão de um homem de confiança do presidente Michel Temer, poucos
dias antes do ...
O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente Michel Temer,
filmado ao receber uma mala com R$ 500 mil, foi preso em Brasília,
anunciou a Polícia Federal (PF). Ele foi detido por ordem do juiz Edson
Fachin, que coordena a Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF).
De acordo com delações de executivos do grupo JBS, o
dinheiro correspondia ao pagamento de propina. Pessoas próximas ao
ex-assessor, citadas pela imprensa, dizem que a mulher dele, grávida de 8
meses, o pressiona a negociar uma delação premiada. Outros parentes
seriam contrários à ideia.
Temer se encontra no olho do furacão
desde a divulgação, em 17 de maio, de uma gravação na qual parece
aprovar o pagamento de subornos para comprar o silêncio do ex-deputado
Eduardo Cunha, também preso, durante uma conversa no Palácio do Jaburu
com Joesley Batista, um dos donos da JBS.
Batista entregou a
gravação à Justiça e indicou que Rocha Loures havia sido designado
diretamente pelo presidente para receber subornos em troca de favores à
empresa. A filmagem com a mala foi feita pouco depois.
O caso
provocou a abertura de uma investigação contra Temer e Rocha Loures por
corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Rocha
Loures, que ocupava o cargo de deputado como suplente de um ministro,
perdeu o foro privilegiado esta semana, quando o ex-ministro da Justiça
Osmar Serraglio saiu do governo e retornou à Câmara dos Deputados.
Delação premiada?
A
imprensa especula que Rodrigo Rocha Loures pode abalar ainda mais a
situação do presidente, caso feche um acordo de delação premiada.
Temer sempre defendeu o assessor e voltou a fazê-lo em uma entrevista publicada pela revista Veja, na qual afirma que Rocha Loures pode ter sido "vítima de uma armação".
"Conheci
Rodrigo já como deputado. É uma pessoa muito inteligente, muito
preparada, de família muito prestigiada em Curitiba. Uma família que
está muito bem na vida, não precisa de dinheiro. Era realmente um
assessor de minha confiança", afirmoua.
Ao ser questionado sobre a
mala com R$ 500 mil, Temer declarou: "Ele vai se explicar. Eu acho que
ele foi vítima de uma armação, de uma armação que começou lá atrás. Ele
entrou nessa armação, nessa coisa urdida, muito bem construída, muito
bem pensada, tenho a impressão de que ele foi vítima".
O episódio
acontece a apenas três dias do início de um julgamento no TSE por abuso
de poder e financiamento ilegal da campanha de 2014, quando foi eleita a
chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
Impeachment de Dilma
Dilma
foi afastada em um processo de impeachment no ano passado, o que levou
ao poder seu ex-aliado, que ela chama de "golpista".
O TSE
retomará em 6 de junho o debate sobre quatro denúncias apresentadas
entre 2014 e 2015. O julgamento deve durar três dias, mas qualquer
magistrado do tribunal pode pedir vista, o que provocará o adiamento, e
as sentenças podem ser objetos de recursos.
Se o TSE cassar a
chapa Dilma-Temer, terá que definir se o presidente é afastado do cargo
imediatamente ou se pode permanecer na presidência até esgotar os
recursos no mesmo tribunal e no STF.
Se Temer cair, caberá ao
Congresso eleger o novo presidente, no prazo de 30 dias, para completar o
mandato presidencial até o final de 2018.
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